A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou na segunda-feira (2) ao STF (Supremo Tribunal Federal) denúncia contra o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder de seu partido na Câmara, na qual pede para que o parlamentar tenha o mandato cassado. Ele é acusado de lavagem de dinheiro e prevaricação.
Segundo a denúncia, Lira aceitou, em 2012, R$ 106 mil de propina em dinheiro vivo do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos), Francisco Colombo, em troca da manutenção dele no cargo.
O dinheiro foi recebido no Aeroporto de Congonhas, segundo a PGR, pelo assessor parlamentar Jaymerson José Gomes, que, segundo apontaram as investigações, foi enviado à capital paulista pelo deputado.
Momentos depois, com o intuito de ocultar a natureza e a origem ilícita do valor, Arthur Lira determinou que seu subordinado, antes de embarcar para Brasília, escondesse as notas pelo corpo, sob suas vestes, nos bolsos do paletó, junto à cintura e dentro das meias. E ainda orientou que o funcionário dissimulasse a real propriedade do dinheiro, caso fosse descoberto. Ao tentar passar pelo aparelho de raio x, o assessor foi abordado por agentes aeroportuários e detido pela Polícia Federal.
Segundo a procuradora-geral da República, o crime se insere no contexto da operação Lava Jato, mais precisamente no esquema criminoso revelado pelo doleiro Alberto Youssef, operador financeiro pelo Partido Progressista. Em outra denúncia apresentada pela PGR, em setembro do ano passado, o colaborador Youssef revelou que o deputado Arthur de Lira, juntamente como seu pai, Benedito de Lira, exerciam influência nas sucessivas gestões da CBTU, inclusive na de Colombo.
“Francisco Colombo, para se manter na presidência da CBTU, oferecia e pagava vantagens indevidas a Arthur Cesar Pereira de Lira para que este, na condição de deputado federal, líder do PP na Câmara dos Deputados, com a prerrogativa de fazer indicações para cargos em comissão, mantivesse-o naquele cargo como nomeação política da agremiação”, escreveu Dodge.
A "Agência Brasil" tentou contato com o deputado, mas não obteve retorno.