Presidente da OAB em Brasília é denunciado por corrupção
MPF diz que advogado articulou ‘compra’ de procurador para beneficiar a J&F. Juliano Costa Couto nega acusação
Brasil|Thais Skodowski, do R7 com Agência Estado
O MPF (Ministério Público Federal) denunciou o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Distrito Federal, Juliano Costa Couto, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, Costa Couto foi um dos articuladores do esquema para comprar “proteção” do procurador da República Ângelo Goulart Villela, que em troca de dinheiro, vazaria informações para beneficiar Joesley Batista, ex-executivo do grupo J&F, e a Eldorado Celulose. As duas empresas são investigadas na Operação Greenfield, que apura fraudes em fundos. Joesley também foi denunciado nesta ação.
De acordo com a peça, na execução da medida de busca e apreensão determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, foi encontrada minuta com os mesmos termos do contrato firmado entre a empresa e o escritório Willer Tomaz Advogados Associados, tendo o próprio Juliano Costa Couto figurando como contratado no mesmo valor de R$ 15 milhões.
"Não restam dúvidas, dessarte, que Juliano Costa Couto, embora não tenha figurado formalmente no contrato de prestação de serviços de advocacia, já que evidenciaria o conflito de interesses por advogar contra a Seara Alimentos S.A., uma das empresas do grupo J&F, em outro feito, ainda assim atuou intensamente nos bastidores para a viabilização do acerto, que lhe resultou proveito econômico equivalente a um terço do valor pago na ocasião pela Eldorado Brasil Celulose", diz a denúncia.
Da mesma forma, prosseguem os procuradores, o publicitário "André Gustavo também obteve o mesmo proveito econômico que Juliano Costa Couto por apresentá-lo a Joesley Batista e insistir na contratação, exercendo, portanto, a função de agenciador e viabilizador do acerto criminoso".
"Portanto, os fatos até aqui narrados tornam evidente e cristalina a presença do dolo das condutas de Joesley Batista e Francisco de Assis, em total, absoluta e convergente unidade de desígnios com Willer Tomaz, Juliano Costa Couto, André Gustavo Vieira da Silva e o procurador da república Ângelo Goulart Villela na prática dos delitos de corrupção ativa e passiva."
Em nota, o advogado Willer Tomaz diz que não há "qualquer prova de algum ato ilícito que eu tenha cometido" e afirmou que não há credibilidade dos delatores e que houve mentiras e omissões. "Trata-se de um verdadeiro buffet, com perdão pelo estilo, no qual o MPF escolhe ao bel prazer o que lhe interessa, tomando alguns trechos dos depoimentos como verdade absoluta, dogma solar que tudo toca, e outros como a mais absurda das mentiras". "Provarei o equívoco e a parcialidade, por razões institucionais do Ministério Público. Confio plenamente no judiciário brasileiro", afirmou.
A defesa do procurador da República Ângelo Goulart Villela afirma que seu cliente é inocente e nega "veementemente" a prática de todos os delitos pelos quais é acusado. O advogado Gustavo Badaró, que integra a defesa de Villela, classifica a denúncia como infundada e incoerente.
"A defesa confia que, após a apresentação da resposta de Ângelo Goulart Villela, o Tribunal Regional Federal fará justiça e rejeitará essa acusação requentada, infundada e incoerente."
Por meio de nota, Juliano Costa Couto afirmou estar surpreso diante da notícia de que seu nome consta em aditamento à denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal no âmbito do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). "Não cometi nenhuma ilegalidade. Tenho a consciência tranquila e me defenderei com a autoridade e direitos de inocente."
A reportagem não conseguiu contato com Francisco de Assis e Silva e André Gustavo.