Queiroga teria se encontrado com representante de farmacêutica
Ministro da Saúde teria se reunido com a Belcher, que se apresentou como intermediária do laboratório chinês CanSino
Brasil|Renata Varandas e Renan Xavier da Record TV
A CPI da Covid é retomada nesta terça-feira (3) após 15 dias para ouvir o reverendo Amilton Gomes de Paula, que teria tentado intermediar a aquisição de vacinas pelo governo brasileiro através da empresa Davati Medical Supply.
Ao longo da semana, acontecerão outros depoimentos de pessoas que teriam participado de negociações de insumos e imunizantes com o Ministério da Saúde.
A comissão retorna com mais de 100 requerimentos a serem votados. Entre eles, a que pede o afastamento da secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a convocação do ministro da Defesa, general Braga Netto, e a reconvocação do então secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco.
A CPI também vai votar requerimentos que tratam da quebra de sigilo de empresas que ser diziam representantes de laboratórios. Uma delas é a Belcher, investigada pela polícia civil do Distrito Federal na Operação Falso Negativo por suspeitas de superfaturamento na compra de testes rápidos para a covid-19.
Ao Ministério da Saúde, a Belcher se apresentou como intermediária do laboratório chinês CanSino. Um encontro com o ministro Marcelo Queiroga teria acontecido no dia 15 de abril, no Ministério da Saúde. Ele aparece na agenda de Queiroga como uma reunião com o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara.
Segundo a CPI, a foto do encontro mostra que Queiroga e Barros se reuniram também com o diretor-presidente da Belcher, Emanuel Catori. Na carta de apresentação ao Ministério da Saúde, a Belcher pressiona a pasta para que dê início as tratativas e pede urgência na resposta do governo brasileiro porque "é necessário assegurar a reserva de estoques junto à CanSino".
O ministério chegou a assinar uma carta de intenção de compra de 60 milhões de doses pelo valor de US$ 17 cada vacina. As entregas ocorreriam a partir de julho. Devido às denúncias contra a Belcher, a CanSino rompeu o contrato com a farmacêutica, que não pode mais representar a empresa chinesa no Brasil.
A empresa Belcher e o Ministério da Saúde foram procurados para comentar o caso, mas não retornou os contatos até a publicação desta reportagem.