Redes sociais estão repletas de 'especialistas' em política externa, economia e até submarinos
Superioridade ilusória leva pessoas sem conhecimento a opinar sobre os mais diversos assuntos como se fossem entendidos
Brasil|Do R7
O caso do submersível Titan, que implodiu no fundo do oceano Atlântico em uma expedição aos restos do Titanic e vitimou seus cinco tripulantes, trouxe à tona um fenômeno cada vez mais comum: os “especialistas” de redes sociais.
Pessoas que não sabem nem sequer a diferença entre um submarino e um submersível — ou mesmo entre um barco e um navio — publicam as mais diversas opiniões, teses e análises sem nenhum fundamento e sem o menor pudor de expor sua ignorância, comumente confundida com genialidade.
Uma das coisas que podem explicar esse fenômeno é o efeito Dunning-Kruger, que afirma que pessoas com menos ou nenhum conhecimento sobre um assunto tendem a acreditar que sabem mais do que outros, incluindo estudiosos e especialistas.
A confusão entre ignorância e genialidade é tamanha que acaba por gerar outro fenômeno, chamado “superioridade ilusória”. E, como sempre, viver de ilusão nunca resulta em algo positivo, ainda mais quando não se tem conhecimento sobre a própria ignorância.
A partir daí, os “especialistas” de redes sociais protagonizam discussões acaloradas a partir das maiores asneiras, enquanto se veem como pessoas inteligentes e preparadas para o debate. Um exemplo claro foi o questionamento absurdo — abraçado por um dos jornais mais conhecidos de São Paulo — sobre os tripulantes não terem tentado nadar para salvar sua vida...
Isso mostra que a inteligência humana realmente está em declínio, avançando rumo à estupidez em uma velocidade maior do que as projeções dos estudiosos previram. O sistema escolar, aliado à grande mídia, tem cumprido muito bem o seu papel de vitimizar, emburrecer e infantilizar as pessoas. E, claro, tudo isso sem que elas mesmas percebam.
Se discussões acaloradas sobre bases totalmente estúpidas já são prejudiciais às pessoas por vários motivos, o que diremos a respeito das decisões equivocadas tomadas todos os dias, firmadas sobre ignorância confundida com genialidade?
Não é à toa que as novas gerações não sabem lidar com frustrações, com o próximo nem consigo mesmas. Como a história tem mostrado ao longo dos séculos, os tempos fáceis geram pessoas fracas, que, invariavelmente, geram tempos difíceis. O que ainda não sabemos é como será o futuro gerado por pessoas ignorantes que acreditam ser gênios.
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