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Reverendo chora, admite culpa e pede desculpas ao Brasil

Pressionado até pelos senadores governistas, Amilton Gomes de Paula se emociona e diz que queria apenas 'vacina para o Brasil'

Brasil|Do R7

Gomes de Paula disse que errou, primeiramente, 'aos olhos de Deus'
Gomes de Paula disse que errou, primeiramente, 'aos olhos de Deus'

O reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador da ONG Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários) e citado como um intermediador entre o governo federal e empresas que ofereceram vacinas sem comprovar a entrega dos imunizantes, chorou na tarde desta terça-feira (3) em depoimento à CPI da Covid.

Pressionado pela cúpula da comissão, ele acabou desabafando logo após ser duramente questionado pelo senador governista Marcos Rogério (DEM-RO). "O maior erro que eu fiz foi abrir a porta da minha casa em Brasília. Eu abri a porta da minha casa num momento em que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil", afirmou. "Eu tenho culpa, sim. Eu peço desculpa ao Brasil."

Sem explicar exatamente qual foi seu erro, Gomes de Paula afirmou que o que fez "não agradou, primeiramente, aos olhos de Deus".

'Dúvida cruel'


Marcos Rogério, que é presbítero da Assembleia de Deus, tentou isentar o reverendo de responsabilidade e afirmou que Amilton poderia ter sido induzido por sua boa-fé. "Eu não fiz essa ponderação com relação a (Luiz Paulo) Dominghetti e com relação a Cristiano (Carvalho)", referindo-se a dois representantes da Davati que prestaram depoimento à CPI, "porque ali me pareceu absolutamente se tratar de dois trambiqueiros, mas em relação a vossa excelência não quero fazer essa presunção, eu quero crer na sua boa-fé, e que vossa senhoria tenha sido vítima dessa situação toda".

"De que paraquedas o senhor caiu nessa mediação? Estou numa dúvida cruel, eu não sei se vossa senhoria foi enganado, ludibriado, ou se vossa senhoria, com todo respeito, é parte de uma tríade de golpistas. Eu lamento muito ter que fazer isso aqui, porque eu defendo o governo, mas não defendo qualquer prática que faça parte de alguma suspeita de irregularidade."


Simpatizante do governo

Na primeira parte de seu depoimento, o reverendo negou ter proximidade com qualquer pessoa do Palácio do Planalto. Mas disse que era simpatizante do governo, admitindo ter participado da campanha do chefe do Executivo. No entanto, os membros da CPI questionaram a facilidade com que ele chegou ao Ministério da Saúde para tratar sobre a venda de vacinas. 


Amilton relatou três reuniões no ministério: em 22 de fevereiro, 2 de março e 12 de março. Na última, foi recebido pelo ex-secretário-executivo da pasta, Elcio Franco. A justificativa do reverendo para tentar facilitar a compra de vacinas com o Ministério da Saúde foi a tentativa de fornecer vacinas para o Brasil, uma "iniciativa humanitária".

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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