Reverendo diz desconhecer oferta de vacina US$ 1 menor por dose
Amilton de Paula, que intermediou contato entre Davati e governo, fez oferta maior que a direta da empresa a ministério, segundo CPI
Brasil|Do R7, com informações da Agência Estado
O reverendo Amilton Gomes de Paula negou nesta terça-feira (3), em depoimento à CPI da Covid, ter conhecimento de oferta da Davati Medical Supply em contato direto com o Ministério da Saúde e com preço US$ 1 menor por dose em relação ao negociado com intermediação do reverendo.
O vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), confrontou o pastor com o preço da vacina oferecida pela empresa. Conforme documentos obtidos pela CPI, a Davati teria apresentado um documento à pasta no dia 15 de março oferecendo vacinas à US$ 10 por dose, valor menor que os US$ 11 da oferta enviada pelo reverendo em 24 de março ao então secretário executivo do ministério da Saúde, Elcio Franco.
O líder religioso ligado à Igreja Batista chegou à CPI após ser citado como um intermediador entre o governo federal e empresas que ofereciam vacinas sem comprovar a entrega dos imunizantes. O caso é investigado pela CPI após a denúncia de um pedido de propina de exatamente US$ 1 por dose de vacinas.
Leia também
Randolfe apresentou as duas propostas à CPI, e Amilton negou conhecer o primeiro documento, que oferecia a vacina a US$ 10. "Eu não encaminhei esse documento de US$ 10, eu tenho a oferta de U$S 11", disse.
Amilton afirma ter recebido o valor no dia 14, apesar de ter apenas mandado a oferta ao ministério em 24 de março. Ele não explicou o motivo da diferença de 10 dias para que a proposta fosse enviada.
Senah
Durante a oitiva, as credenciais da empresa Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), que pertence ao reverendo, também foram questionadas. Randolfe questionou o fato de o reverendo ter assinado uma carta afirmando que sua instituição era reconhecida pela ONU (Organização das Nações) e pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) mesmo sem o reconhecimento das organizações.
O vice-presidente da CPI também apontou que Amilton é inscrito na dívida ativa da União com débito de R$ 29,5 mil. Amilton declarou ter sido um débito antigo. O senador, contudo, afirmou que, com o débito, o Ministério da Saúde não poderia seguir com as negociações do reverendo.
O pastor também afirmou não haver nenhum contrato da Senah com a Davati. Amilton reclamou que recebia pressão de Cristiano Carvalho e de Dominghetti, ambos representantes da Davati, para levar adiante as tratativas com o governo para a venda de vacinas. "Conversar com presidente, Ministério, com quem for para dar prosseguimento ao pedido dos dois", disse. De acordo com o líder religioso, ele era uma das pessoas que solicitava documentação da Davati para enviar ao Ministério da Saúde, e reclamou que os documentos não chegavam a ele. "Por eu ter colocado meu nome nessa operação fiquei um pouco preocupado", disse.