Roberto Campos Neto substituirá Ilan Goldfajn na presidência do BC
Nome do futuro presidente do Banco Central foi confirmado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (15)
Brasil|Thais Skodowski, do R7 com Agência Estado
O executivo Roberto Campos Neto, atualmente diretor do Banco Santander, foi indicado pela equipe econômica do presidente eleito Jair Bolsonaro para presidir o Banco Central. Ele vai substituir Ilan Goldfajn que, que já comunicou ao futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que não permaneceria por razões familiares e pessoais.
Em nota, na tarde desta quinta-feira (15), Paulo Guedes confirmou o nome de Campos Neto.
Ilan Goldfajn também divulgou uma nota em que "felicita o governo eleito pela indicação, ao Senado Federal, do economista Roberto Campos Neto para sucedê-lo no cargo". Goldfajn fica na Presidência do BC até que o Senado aceitar o nome de Campos Neto.
A permanência do economista Mansueto Almeida à frente da Secretaria do Tesouro Nacional também foi confirmada.
Roberto Campos Neto esteve no escritório de transição montado no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) na última terça-feira (13) e reuniu-se com Guedes por cerca de uma hora. Saiu sem falar com a imprensa. Naquela mesma noite, um integrante da equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, teceu muitos elogios ao economista.
Mais cedo, a assessoria do economista Paulo Guedes, futuro ministro da economia do governo de Jair Bolsonaro, informou que a escolha do nome para comandar o Banco Central estava em fase final de definição e, assim que confirmada, seria devidamente anunciada.
Para assumir o comando do BC, o economista será sabatinado pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Ele também precisa ser aceito pelo plenário da Casa.
Perfil
Roberto de Oliveira Campos Neto, como o nome indica, é neto do economista Roberto Campos, ministro do Planejamento no governo do general Castelo Branco e um dos principais expoentes brasileiros do pensamento liberal na economia. O futuro presidente do BC está no quadro de executivos do Banco Santander há 16 anos. Atualmente é responsável pela Tesouraria. Campos Neto é economista e tem especialização em Finanças pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e é reconhecido por alguns no mercado por seu perfil técnico.
Iniciou a carreira no banco espanhol como chefe da área de renda fixa internacional, cargo que ocupou de 2000 a 2003. No ano seguinte, migrou para a gestora Claritas, onde ocupou a posição de gerente de carteiras. Em 2005, voltou ao Santander como operador e em 2006 foi chefe do setor de trading. Em 2010, passou a ser responsável pela área proprietária de tesouraria e formador de mercado regional e internacional.
Em nota, o presidente do Santander, Sérgio Rial, disse que "Roberto Campos Neto é um profissional com sólida formação e profundo conhecimento da área econômica. Desejamos a ele muito êxito no desempenho de sua nova função, tão importante para o desenvolvimento do País.”
Mansueto permanecerá no Tesouro Nacional
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, permanecerá no cargo no futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, confirmou uma fonte graduada da equipe de transição.
A permanência de Mansueto na equipe econômica já vinha sendo aventada. Em entrevista ao Broadcast na quarta-feira, havia dito que sua permanência no cargo não dependia apenas dele. "O governo tem muitas pessoas especializadas, diversos PhDs”, disse Mansueto, em Nova York, onde estava na quarta-feira em apresentação para investidores.
Especialista em finanças públicas, Mansueto chegou ao governo federal com o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff e a nomeação de Henrique Meirelles como ministro da Fazenda. Inicialmente, foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Passou à Secretaria do Tesouro Nacional com a saída de Meirelles, que acabou provocando uma dança das cadeiras a partir da promoção de Eduardo Guardia de secretário-executivo para ministro.
Transição
Guedes e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, declararam em diversas ocasiões que tinham o desejo de manter o atual presidente do BC no cargo, mas também era de conhecimento público que eles chegaram a trabalhar com cinco opções para substituí-lo.
O que se dizia em Brasília é que a permanência de Ilan no cargo em 2019 dependia da aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, atualmente em tramitação na Câmara. O principal ponto da proposta é a definição de mandatos fixos para os dirigentes do BC a partir de março de 2020.