As manifestações de junho do ano passado levaram cerca de 1,4 milhão de pessoas às ruas de diversas cidades do País para cobrar melhorias no transporte público, na saúde e na educação. Mas teve gente que conseguiu ser ouvida pelos poderosos de Brasília sem sequer sair de casa.
Durante o ano passado, o "Alô Senado", uma espécie de ouvidoria do Congresso Nacional, registrou o recebimento de exatas 1.363.507 mensagens. A maioria dos atendimentos (97%) foi composta por solicitações de envio de mensagens aos parlamentares — é como se os manifestantes que foram às ruas tomassem o Senado, mas por canais como o telefone, a internet e até o fax.
Por meio do "Alô Senado", a população pode obter informações básicas referentes ao Congresso Nacional e sobre os senadores, além de enviar mensagens com críticas, sugestões, opiniões e reclamações. Mais importante ainda: esse canal permite fazer pressão pela aprovação de projetos de lei.
População pressiona senadores por redução da maioridade penal
Segundo o assessor especial da Secretaria de Transparência do Senado, Thiago Cortez, as mensagens são enviadas semanalmente aos parlamentares.
— Cerca de 90% das mensagens recebidas têm como destinatário os senadores. Toda semana, um relatório é enviado para os gabinetes, com as solicitações. Cada senador tem uma metodologia para usar as mensagens. Muitos deles buscam o "Alô Senado" para saber o que as pessoas estão pensando sobre determinados assuntos.
O senador Paulo Paim (PT-RS) é um dos parlamentares que mais utilizam a ferramenta. O petista garante que as manifestações do internauta se transformam em propostas práticas.
— Dezenas dessas mensagens do "Alô Senado" transformaram-se em projetos de lei, audiências públicas, artigos de opinião, mensagens nas redes sociais, pronunciamentos, audiências em ministérios, enfim, em reflexões importantes para a construção da relação entre eleito e eleitores. Na verdade, o "Alô Senado" vai além dessa relação: é uma espécie de termômetro, de pesquisa de opinião.
Perfil
O perfil das pessoas que participam do "Alô Senado" é variado e as formas de expressão mudam ano a ano, de acordo com o tema comentado, explica Thiago Cortez, responsável pela gestão da ferramenta.
— Desde 2010, a gente constatou variações interessantes. A demanda tem crescido muito. A participação por telefone tem aumentado também, mas há anos em que a internet domina. Em 2010, por exemplo, o segmento de maior participação de idade era até 19 anos, mas também temos muitos aposentados.
Entre os usuários que procuram serviços prestados pelo Senado em 2013, a maioria tinha entre 20 e 39 anos (42%), era do sexo masculino (64%) e possuia ensino superior (44%). Dados coletados em 2012 apotam São Paulo (17%), Minas Gerais (10%) e Distrito Federal (9%) como os Estados com maior participação no serviço de atendimento.
Já entre os usuários que desejavam enviar mensagens aos parlamentares, se destacaram cidadãos na faixa de 30 a 59 anos (64%), do sexo masculino (69%) e com ensino médio (37%). Os Estados com maior número dessas demandas foram São Paulo (25%), Rio de Janeiro (12%) e Minas Gerais (10%).
Enquetes e pesquisas
Outra forma de dizer ao Senado o que você pensa é participar de enquetes e pesquisas promovidas pelo site. Em 2014, o Senado já promoveu duas pesquisas de opinião. Uma delas mediu a satisfação do brasileiro, enquanto a outra avaliava o nível de conhecimento dos internautas sobre a PEC das Domésticas.
Por meio de enquetes, o Senado já avaliou, neste ano, opiniões sobre o aumento da pena em casos de associação criminosa formada para praticar atos de vandalismo em manifestações; a redução da jornada de trabalho sem redução salarial; a redução da maioridade penal; a carteira de habilitação para jovens entre 16 e 18 anos; e o limitador de velocidade entre os equipamentos obrigatórios dos veículos.
As enquetes e pesquisas estão no site do Senado — http://www.senado.gov.br/ — e podem ser respondidas por qualquer cidadão.
Respostas
Ouvidora do Senado, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) responde semanalmente a questões enviadas pelos eleitores por meio do "Alô Senado", em um programa de rádio.
— O principal objetivo do programa é compor, junto às páginas de internet, o "Alô Senado" e as cartas, mais um canal de retorno da Ouvidoria do Senado ao cidadão. Como os temas são de interesse nacional, mesmo o cidadão que não tenha enviado perguntas, sugestões ou críticas se sentirá atendido e respondido.
O programa é apresentado com edição inédita na última sexta-feira de cada mês, às 8h10, com reapresentações às 13h do domingo subsequente, às 20h da quinta-feira seguinte, e na sexta-feira, às 6h, na Rádio Senado.
Formas de contato
Se quiser ver aprovado um projeto ou gostaria de cobrar o senador em que votou, você pode fazer isso de 13 formas diferentes. E todas essas ferramentas são gratuitas:
— Ligue *grátis* para 0800-612211, o número do Alô Senado
— Preencha o formulário do "Alô Senado" com a mensagem que quer enviar e indique para quais parlamentares o documento deve ser encaminhado
— Siga o Twitter do "Alô Senado" e mande mensagens e DMs
— Siga o Twitter do e-Cidadania e opine sobre propostas, sugira audiências públicas e projetos de lei
— Siga o Twitter da Agência Senado e saiba que projetos estão sendo examinados ou na fila para votação
— Acompanhe as páginas do Facebook do "Alô Senado", Agência Senado e e-Cidadania e dê sua opinião sobre as propostas
— Fale diretamente com o seu senador pelo Twitter. Mais de 60 senadores já têm conta nesta rede social
— Mande email para o senador
— Telefone para o gabinete do senador
— Mande uma carta para o senador
— Opine na página do projeto de lei
— Coloque o número do projeto na busca, clique em Opine! na página da proposta e preencha o formulário
— Mande mensagem em todos os perfis do Senado nas redes sociais 13
— Fale com a Ouvidoria do Senado
Todas as formas de contato estão no site do Senado