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São Paulo infla total de vacinados com moradores de outras cidades

Capital paulista anunciou na terça-feira ter imunizado 100% dos adultos, mas não é verdade que todos tomaram a primeira dose

Brasil|Marcos Rogério Lopes, do R7

Vacinação em São Paulo começou em 17 de janeiro
Vacinação em São Paulo começou em 17 de janeiro Vacinação em São Paulo começou em 17 de janeiro (Divulgação / Governo do Estado de SP - 02.04.2021)

Ao contrário do que anunciou a Prefeitura de São Paulo na terça-feira (17), não é verdade que todos os moradores adultos da capital paulista tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19.

No boletim divulgado às 13h de terça-feira pela Secretaria Municipal de Saúde, a cidade aparecia com 9.248.451 de pessoas vacinadas com a primeira dose, número ligeiramente superior à estimativa da população da capital paulista, de 9.230.227 moradores.

A Secretaria Municipal de Saúde admitiu ao R7 que nem todos os adultos da cidade tinham se vacinado, apesar de o anúncio oficial dizer isso. Por telefone, a pasta alegou que no início da campanha de imunização contra a covid, quando ainda não era obrigatória a apresentação de comprovante de residência, muitas pessoas de outras cidades se deslocaram a São Paulo para tomar a primeira dose.

Prefeitura omitiu em divulgação que muitos dos vacinados não moram na capital paulista
Prefeitura omitiu em divulgação que muitos dos vacinados não moram na capital paulista Prefeitura omitiu em divulgação que muitos dos vacinados não moram na capital paulista (Prefeitura de São Paulo/ Reprodução)

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Para evitar a imprecisão na informação de que todos os habitantes com mais de 18 anos tomaram ao menos uma dose, a Secretaria foi questionada pela reportagem se tinha uma estimativa de quantos moradores vizinhos entraram na conta da capital. O órgão disse não ter o dado e explicou que precisaria de mais tempo para fazer o levantamento.

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O comprovante de residência nos postos de saúde da cidade só passou a ser exigido em 28 de maio, quatro meses e dez dias após o início da vacinação de covid no Brasil. Foi em São Paulo que ocorreu a primeira aplicação do país, em 17 de janeiro.

De acordo com o boletim diário de Covid de 27 de maio, divulgado pela prefeitura, até aquela data 3.181.917 pessoas tinham recebido uma dose dos imunizantes disponíveis, mais de um terço do total de moradores adultos da capital.

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A decisão de fazer o levantamento da quantidade de pessoas de fora que procuraram os postos de saúde da cidade poderia ter sido tomada bem antes. 

Quando foi anunciada a necessidade do comprovante de residência, o secretário de Saúde do município, Edson Aparecido, mencionou que era comum e esperado que moradores de outras cidades escolhessem São Paulo para se imunizar.

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Ele explicou em release enviado pela prefeituraem 27 de maioque a exigência foi adotada porque os grupos prioritários que passavam a ser vacinados tinham pessoas mais novas, com mais facilidade de deslocamento. "Portanto, é natural que a cidade de São Paulo, que tem uma estrutura de vacinação muito grande, atraia pessoas de outras localidades", disse. Naqueles dias estavam sendo convocadas para os postos pessoas com mais de 50 anos com comorbidades.

Permitir a aplicação em habitantes de outros pontos do estado ou do país por mais de quatro meses foi uma decisão local que ajudou a elevar o total de vacinados, mas pode explicar também porque em alguns momentos a capital ficou sem vacinas. Isso porque, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, as doses são distribuídas de acordo com o número de moradores que a cidade tem em cada grupo prioritário, apontados pela Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).

Em outras palavras, muito paulistano pode ter ficado sem vacina porque alguém de fora tomou a dose que deveria ser sua.

O percentual de 100% da população, se fosse correto, colocaria a cidade na liderança mundial de vacinação parcial contra a covid, à frente inclusive de Serrana, no interior do estado, na qual um estudo do Instituto Butantan se propôs a imunizar toda a população local, de cerca de 45 mil pessoas, e alcançou o índice de 97,7% na primeira dose.

Países que se destacam pela velocidade da imunização nesta pandemia ficaram muito longe dos 100% de adultos. Brasil e Estados Unidos têm pouco mais de 70% das pessoas com 18 ou mais parcialmente imunizadas. 

A Secretaria Municipal de Saúde se manifestou através de nota sobre a reportagem:

"Em nenhum momento a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), inflou os dados de vacinação, como sugere erroneamente a reportagem "São Paulo infla total de vacinados com moradores de outras cidades", publicada pelo Portal R7.

Dizer que "muito paulistano pode ter ficado sem vacina porque alguém de fora tomou a dose que deveria ser sua" é totalmente fora de propósito. Em mais de sete meses, a campanha de vacinação ocorreu de forma contínua, sem que ninguém deixasse de ser vacinado por falta de doses.

Nos momentos de maior procura, em caso de desabastecimento pontual em alguma unidade, sempre foi realizado remanejamento de doses. A situação destacada em título pela reportagem é desmentida pelo próprio texto, pois a situação de pessoas não residentes em São Paulo se vacinarem na capital foi amplamente divulgada pela imprensa, após anúncio do próprio município em relação às regras, com a obrigatoriedade de apresentar comprovante de residência.

Todo paulistano que, eventualmente, não tenha se vacinado, seja por escolha ou por qualquer outra razão, é bem-vindo e tem sua imunização assegurada, basta procurar um dos mais de 600 postos disponibilizados pela prefeitura. E assim permanecerá até o fim da campanha. Ao contrário da tese defendida pela reportagem, a situação exposta pelo R7 mostra que São Paulo, além de imunizar a sua própria população, auxiliou, por um período, municípios vizinhos a proteger os seus cidadãos.

E isso só não foi mantido por causa da distribuição dos imunizantes planejada a partir das estimativas de população residente em cada município. Pessoas de fora do município foram justamente atraídas pela estrutura e alta capilaridade do sistema de saúde na capital, entre outros motivos.

Até ontem, quarta-feira (18), a cidade de São Paulo aplicou doses equivalentes a 101,0% (D1 + dose única) e 44,2% (D2 + dose única) do público-alvo da campanha de imunização contra Covid-19, ou seja, superou a marca de 13.085.155 doses aplicadas na cidade, de acordo com projeção do Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

Entre os motivos para isso estão o fato de a contagem populacional ser uma estimativa, já que o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mais atualizado é de 2010. O índice divulgado diariamente pela SMS segue os mesmos padrões em todas as suas campanhas de vacinação. É assim também em outros municípios e estados.

A capital integra o Sistema Único de Saúde e dentro das regras de universalização da vacina, atendeu todos os que procuraram seus postos, dentro das regras de cada fase de campanha de imunização."

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