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Sem peixes e turistas: o drama nas praias atingidas por óleo na Bahia

Por conta do óleo, praias passaram a ficar vazias e comerciantes amargam prejuízos. Pescadores veem peixes sumir da região

Brasil|Márcio Neves, enviado especial do R7

Quiosques vazios na praia da Pedro do Sal, em Salvador (BA)
Quiosques vazios na praia da Pedro do Sal, em Salvador (BA)

Vazias, mas aparentemente limpas. Assim a reportagem do R7 encontrou três das principais praias de Salvador, entre as mais de 150 atingidas por petróleo cru no nordeste brasileiro.

Com certo esforço foi possível achar pequenas marcas de óleo em pedras e algumas poças com manchas de que este material, considerado uma tragédia ambienta, esteve por ali, mas que, ao menos olhando superficialmente, parece que tudo esta bem, mas só parece.

> Assista a reportagem completa

Uma outra tragédia continua consumindo quem vive e depende do turismo e do mar para viver naquela região, em que os comerciantes viram os turistas sumirem e os pescadores agora sofrem para conseguir pegar algo.


Janice cozinha em seu quiosque, onde o movimento caiu 80%
Janice cozinha em seu quiosque, onde o movimento caiu 80%

"O único óleo que tem aqui é o que frito o acarajé na minha barraca", solta Janice, que há 30 anos tem um quiosque na beira da praia da Pedra do Sal, em Salvador, um verdadeiro paraíso natural.

A praia foi pouco afetada pelo oléo, equipes da Prefeitura recolheram o pouco que apareceu, lavou as pedras, mas "ninguém avisou para os turistas que aqui já está tudo bem", reclama Janice, na verdade Josenice de Souza Nascimento, 65.


"Podem vir aqui andar nessa praia linda, sentar nas mesinhas do meu quiosque, a gente precisa de vocês", apela ela. O apelo é compreensível, segundo os proprietários de 4 quiosques naquela praia, o movimento caiu 80% em uma época em que a praia deveria estar lotada.

Praia de Itapuã, mesmo nublada, não costuma ficar vazia
Praia de Itapuã, mesmo nublada, não costuma ficar vazia

Não muito longe dali, nas areias de Itapoã, cantada por Vinicius, também limpas e com um ou outro vestígio de óleo, Rodrigo Natividade, o seu Nadinho, um pescador de 69 anos de idade, com seus materiais de pesca fincados na areia, conversa de cabeça baixa com o R7.


"Moço, nunca vi uma coisa assim. Nunca. Não tem um peixe. Cheguei aqui era 8h da manhã, são quase onze horas e não peguei nada. Fico até constrangido, minha vida é pescar e desde essa coisa desse pixe preto [o petróleo que apareceu na praia], eu não pego praticamente nada", diz ele.

Na praia do Joanes, a cena se repete e tudo que Janice e Nadinho disseram, parece ter sido gravado e tocado novamente.

O óleo parece que aos poucos esta sumindo, mas junto com ele foi embora os peixes e os turistas, estes dois últimos que estão sendo ansiosamente aguardados por quem depende do mar para o sustento na região.

Nadinho é pescador e viu os peixes desaparecerem por conta do óleo
Nadinho é pescador e viu os peixes desaparecerem por conta do óleo

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