Sócio da Precisa não irá à CPI, que votará requerimentos nesta quarta
Francisco Maximiano, representante de fabricante de vacinas investigada pelo MPF, terá de cumprir quarentena após viagem à Índia
Brasil|Do R7
O sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, não vai comparecer à CPI da Covid nesta quarta-feira (23), no Senado, sessão para a qual foi convocado para falar sobre a aquisição da vacina Covaxin pelo governo brasileiro. A Precisa é parceira no Brasil do laboratório Barath Biotech, empresa indiana responsável pelo imunizante, e a compra pelo Ministério da Saúde por preço superior ao das demais vacinas será investigada na esfera criminal.
Por meio de sua defesa, Maximiano justificou a falta por uma viagem recente à Índia, o que o coloca em quarentena obrigatória de acordo com as regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O aviso em cima da hora irritou a cúpula da CPI, que chegou a cogitar pedir condução coercitiva do empresário ao ver seu cronograma prejudicado.
Com a ausência do empresário e a necessidade da quarentena, os senadores vão votar 58 requerimentos nesta quarta-feira (23), entre eles a convocação de representantes do Google, Facebook e Twitter, o pedido de sessão secreta do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel e o compartilhamento das investigações contra o auditor do TCU que criou um relatório sobre a suposta supernotificação de mortes por covid.
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O MPF (Ministério Público Federal) afirma que encontrou indícios de crime na compra do Ministério da Saúde de 20 milhões de doses da Covaxin. O MPF pediu que o caso seja investigado na esfera criminal. O contrato entre o ministério e a Precisa, no valor de R$ 1,6 bilhão, foi firmado na gestão de Eduardo Pazuello.
Segundo dados do TCU (Tribunal de Contas da União), a dose da Covaxin negociada pelo federal é a mais cara entre todas as vacinas contratadas. O imunizante da AstraZeneca, por exemplo, custa, em média, R$ 19,87. Já a dose da Covaxin saiu por R$ 80,70.
Também por meio de seus advogados, Maximiano, solicitou acesso aos autos da CPI, "colocando-se à disposição das autoridades para desmentir as inverdades que maliciosamente vem sendo difundidas, prestar os devidos esclarecimentos e mostrar como a contratação da vacina Covaxin obedeceu a todos os critérios de integridade, valor de mercado e interesse público".
Condução
A CPI já adotou antes o pedido de condução coercitiva na semana passada, após a falta do empresário Carlos Wizard, fundador de escola de idiomas e controlador da holding Sforza. Ele teve ainda pedido para retenção do passaporte ao chegar ao Brasil, vindo dos Estados Unidos.
Wizard é investigado por suposta participação no chamado "gabinete paralelo", grupo que seria responsável por aconselhar o presidente Jair Bolsonaro e tomar decisões referentes à pandemia. O "gabinete" seria formado por defensores da adoção de remédios sem eficácia contra a covid-19, entre eles a cloroquina. Apesar do pedido de condução coercitiva, o depoimento de Wizard foi remarcado para o dia 30.