Suplicy faz ator de Luiz Gonzaga passar vexame no Senado
Senador queria que Chambinho cantasse no plenário, mas foi impedido pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-PR)
Brasil|Do R7
Menos de um mês depois de ter chorado no plenário ao ler a carta em que a filha do ex-presidente do PT José Genoino acusa a mídia e alguns setores da política brasileira pela condenação de seu pai, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quase fez chorar o músico Chambinho do Acordeon. Desta vez, de constrangimento.
Suplicy chegou ao plenário com Chambinho, vestido de gibão e chapéu de couro, como Luiz Gonzaga, que ele interpreta no cinema. O senador disse que o ator, que também é acordeonista, iria se apresentar ali mesmo para um público de poucos parlamentares.
Presidindo a sessão, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) brecou a iniciativa, alegando que o regimento proíbe apresentação de terceiros no plenário.
— Não tem amparo regimental, não é o momento.
Suplicy insistiu, mencionando outras homenagens que ali foram feitas. Mozarildo lembrou que o fato se deu em sessões especiais, próprias para homenagens.
— Vossa excelência pode requerer uma sessão solene em que o ouviríamos com muito prazer. Este não é o momento regimentalmente adequado.
Sem saída e incentivado pelo senador, completamente sem graça, Chambinho terminou dando um show relâmpago do lado de fora, encostado ao plenário.
O uso do plenário para atos promocionais levou o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) a apresentar, no início do ano, projeto de resolução proibindo as sessões de homenagens nos dias de sessões normais do Congresso.
A farra das louvações chegou a tal ponto que raro era o dia em que não ocorriam. Aloysio apontou a existência de "um certo mal-estar entre os senadores com a banalização das homenagens".
—Temos tido sessões solenes todas as semanas. Isso é ruim para o Senado, desmerece o Senado, desmerece a atividade política dos senadores ocuparmos nosso tempo, o horário nobre do Senado, com sessões solenes, por mais meritórios que sejam os homenageados.