Wajngarten condena fala de Renan sobre Holocausto na CPI da Covid
Senador comparou as funções da comissão ao Tribunal de Nuremberg, que julgou líderes nazistas após a 2ª Guerra Mundial
Brasil|Do R7, com Estadão Conteúdo
O ex-secretário de Comunicação do governo federal Fabio Wajngarten acusou membros da CPI da Covid no Senado que fazem oposição ao Planalto de banalizar o holocausto e desmonstrar desprezo pelo sofrimento do povo judeu.
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Na manhã desta terça-feira (25), o relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), comparou as funções e responsabilidades do colegiado ao Tribunal de Nuremberg, que julgou diversos líderes nazistas após o fim da Segunda Guerra Mundial. Segundo o senador, "um dos julgamentos mais famosos da história" e onde "o mundo procurou encontrar respostas para um crime até hoje inconcebível, o genocídio de seis milhões de judeus nos campos de concentração do regime nazista".
A comparação irritou membros governistas da CPI, entre eles, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), Marcos Rogério (DEM-RO), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e o filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que viram na fala um "paralelismo" do relator.
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Heinze, inclusive, aumentou o tom contra o relator, dizendo que a responsabilidade de 450 mil mortes do Brasil é daqueles que "negam o tratamento".
Com o tumulto que a fala inicial de Renan causou, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), chamou a atenção do relator, dizendo que o que ele estava lendo não poderia ser usado como referência a ninguém ali.
Renan concordou com Aziz e concluiu sua fala afirmando que não se pode comparar o holocausto com a pandemia no Brasil, mas afirmou haver uma semelhança "assustadora" no comportamento de algumas autoridades que prestaram depoimento à comissão com as que foram julgadas Nuremberg.
Para Wajngarten, que é judeu, as comparações de relator da CPI são "absurdas entre uma situação única da história com situações contemporâneas que são alvo de divergência política".
"Mais uma vez, membros da oposição banalizam o holocausto e demonstram desprezo pelo sofrimento do povo judeu, fazendo comparações absurdas entre uma situação única da história com situações contemporâneas que são alvo de divergência política", postou o ex-secretário de Comunicação em rede social.
Na sequência, ele questionou se a Confederação Israelita do Brasil, que reúne a comunidade judaica brasileira, o judaísmo e o Estado de Israel, vão condenar "os abusos dos membros da CPI da Covid".
Repúdio da comunidade judaica
A Conib (Confederação Israelita do Brasil), em nota, disse repudiar "mais uma vez comparações completamente indevidas do momento atual" com "os trágicos episódios do nazismo que culminaram no extermínio de 6 milhões de judeus no Holocausto".
Para a confederação, "estas comparações, muitas vezes com fins políticos, são um desrespeito à memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes". Atualmente, a Conib mantém no ar a campanha "Não compare o incomparável" a fim de desestimular a banalização do Holocausto.
'Julgamento da história'
Renan falou principalmente sobre Hermann Goering, ex-número dois do regime nazista, que julgado, continuou "negando tudo, enaltecendo Hitler, apresentando como salvadores da pátria, enquanto a história provou que faziam parte de uma máquina da morte", afirmou o relator, antes de começar os questionamentos à depoente do dia, Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, que defende a cloroquina no tratamento precoce contra a covid-19.