Rui Costa defende reestruturação ampla da Defesa Civil em reunião com governadores
Durante reunião no Planalto, gestores divergiram sobre proposta do governo federal
Brasília|Rute Moraes, do R7, em Brasília
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, defendeu nesta quinta-feira (19) a reestruturação da Defesa Civil nacional e dos estados, em conjunto ao trabalho dos municípios e do Corpo de Bombeiros, no combate aos incêndios e aos desastres naturais. A fala ocorreu durante uma reunião, no Palácio do Planalto, com nove governadores e dois vice-governadores para discutir medidas contra as queimadas que atingem o país.
“Tenho dialogado com ministro Waldez Goés [da Integração e do Desenvolvimento Regional] da urgência e da necessidade, desde o acontecimento do Rio Grande do Sul, de redefinir e reconfigurar a Defesa Civil nacional com as defesas civis estaduais”, expôs Costa. “Evidente que não é uma medida de curto prazo, mas queremos receber contribuições dos governadores e dos consórcios, seguindo modelos que tem em outros países, inclusive europeus. Existe uma estrutura de defesa de resgate montada regionalmente, em um país continental como o Brasil, isso se justifica mais ainda.”
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A proposta do governo é criar uma estrutura, em parceria com os estados, para equipar as regiões com aeronaves, helicópteros, aviões, materiais e equipamentos. Desse modo, existiria uma Defesa Civil regional que faria um pronto atendimento mais rápido, eficaz e a custos menores.
“Hoje, a gente termina adaptando muitos equipamentos das forças de segurança, das forças armadas, que não são necessariamente os equipamentos apropriados para essa finalidade”, continuou o ministro. “Acabam sendo equipamentos muito grandes, com custo operacional muito maiores e de menores mobilidades e agilidades porque são pensados para guerra, não para resgate e salvamento.”
A proposta é aportar um “volume de recursos do governo federal”, em conversa com os estados, para que cada um aponte um projeto adequado. No encontro, Costa convidou os gestores a apresentarem, o mais breve possível, uma proposta de reestruturação para cada região, envolvendo também os bombeiros.
Outro ponto tratado pelo ministro com os governadores é que o governo federal, ao lado dos estados, dê mais “capilaridade” no combate aos desastres climáticos, usando o apoio municipal. A ideia é treinar os guardas municipais, por exemplo, para resgate, salvamento e apoio inicial aos incêndios. O governo ajudaria a financiar a preparação por meio dos estados. Conforme Costa, em casos de enchentes ou de incêndios, quanto mais rápido o problema é contido, menor é o prejuízo.
Governadores divergem sobre proposta do governo federal
Ao ser questionado sobre a proposta relacionada a Defesa Civil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), disse que “Brasília não sabe governar o país”, e cobrou estrutura/incentivo aos governadores para que, em cada estado, eles possam montar “estruturas avançadas de corpo de bombeiros”.
“Desde quando Brasília vai saber resolver um problema lá no Nordeste Goiano, ou no Pará, ou no Tocantins, ou em qualquer lugar do Brasil?”, interpelou Caiado. “Precisamos parar com essa bobagem. Brasília não sabe governar o país. Isso é uma ineficiência completa.”
“Dê estrutura para os governadores poderem montar essas estruturas avançadas de corpo de bombeiros”, continuou. “Coisa simples, um pequeno galpão com cinco carros ali, com pessoas preparadas para aquilo, com controle de satélite, com informação imediata e as ações acontecem. Com o produtor rural junto, com o empresário, com o engenheiro, todo mundo trabalha com esse objetivo. Agora, achar que de Brasília vai poder decidir o que é que vai fazer em cada estado, meu amigo, isso aí, nós estamos cansados. Não deu conta de resolver Rio Grande do Sul, não vai dar conta de resolver o problema das queimadas.”
Já o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), classificou a proposta como um “caminho que poderá levar a um resultado mais concreto”, apesar de cobrar ações mais coordenadas e criticar estratégicas que saem a partir de Brasília.
“Ter ações mais coordenadas e mais estratégicas é sempre um sinal positivo e interessante”, disse. “Entre passar esse sinal e construir uma solução nesta linha, isso demanda algum tempo e algum aprofundamento para que nós não criemos mais nenhum Frankenstein. Já está mais do que comprovado que criar coisas aqui em Brasília, ou somente a partir de Brasília, não funcionou, não tende a funcionar bem, mas criarmos sinergias regionais, unidades descentralizadas para compartilhar esses recursos, me parece sim que é um caminho que poderá levar a um resultado mais concreto.”