Adolescente morre após ser medicado para tratar lesão no joelho em UPA do DF
Herbert de Oliveira da Silva, 15 anos, buscou atendimento após lesionar o joelho; família acredita que jovem teve reação alérgica
Brasília|Do R7, em Brasília
Um adolescente de 15 anos morreu na noite de quarta-feira (8) após complicações durante um atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, no Distrito Federal. O jovem Hebert de Olibeira morreu de choque anafilático após ter sido medicado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) por causa de dores causadas por uma lesão no joelho esquerdo.
De acordo com a família, Hebert foi ao HRT após lesionar o joelho durante um treino de futebol, no último domingo (5). A mãe de Hebert, Ana Telma, conta que, no hospital, aplicaram nele uma mistura de dipirona para aliviar as dores no joelho e o liberaram.
A mãe explica que o filho nunca havia apresentado reações alérgicas antes. Ela diz que não sabia se ele tinha alguma alergia ao medicamento. No entanto, o adolescente começou a se sentir mal na madrugada de segunda-feira (6), após ter sido medicado no HRT. “Depois da medicação que ele recebeu no hospital, ficou com dores no peito, e voltamos com ele para o hospital”, relata.
Ainda de acordo com a mãe do adolescente, no local, ele teria recebido a mesma medicação e sido liberado novamente. O jovem continuou sentindo dores no peito e cansaço. Com isso, na tarde de quarta-feira (8), a família decidiu procurar ajuda na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia.
De acordo com a mãe do rapaz, uma equipe fez um raio-X na região do tórax, e Hebert voltou a ser medicado. A mãe dele diz que não sabe qual foi o remédio utilizado dessa vez. “Não sei o que deram para o meu filho, só sei que teve dipirona também, igual às outras vezes, mas ele nunca teve alergia a dipirona”, afirma.
O adolescente reclamava de falta de ar e, segundo a mãe, ficou empolado após ter sido medicado. As imagens do raio-X mostraram que Herbert estava com insuficiência respiratória, e ele precisou ser entubado. Por volta das 22h a família foi informada de que ele não resistiu e morreu devido a um choque anafilático, causado por uma possível pneumonia.
A família registrou o caso na 26ª Delegacia de Polícia, em Samambaia Norte. De acordo com Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o caso é investigado pela 32ª Delegacia (Samambaia Sul) e corre em sigilo de Justiça, por envolver um adolescente.
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Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que Hebert de Oliveira foi atendido na UPA de Samambaia na tarde de quarta-feira (8) e que, ao dar entrada, relatou ter passado por outro atendimento anteriormente, no Hospital Regional de Taguatinga. O rapaz reclamava de dor na região do tórax, edema no joelho esquerdo, dificuldade de respirar e vômitos.
De acordo com a pasta, ele foi classificado como prioridade laranja e prontamente atendido. Durante a consulta, além das queixas já citadas, o adolescente também apresentava vermelhidão na pele e coceira, que começaram após o atendimento médico anterior.
O laudo da morte do adolescente é investigado pelo Instituto Médico-Legal (IML) do Distrito Federal. Segundo a família, um advogado também acompanhará o processo de investigação.
Veja a íntegra da nota:
"NOTA DO IGES SOBRE A MORTE DE HERBERT
O IgesDF informa que o paciente H.O.S foi atendido na Upa Samambaia na tarde de quarta-feira, 8 de março, e que ao dar entrada informou ter passado por atendimento anterior no HRT. Queixava-se de de Dor em região do Tórax, edema em joelho esquerdo, dispneia e vômitos. Foi classificado como prioridade laranja e após foi prontamente atendido. Durante o atendimento, além das queixas já citadas, queixou-se também de eritema e prurido no corpo, referindo piora progressiva, iniciados após atendimento médico anterior. Ao exame, apresentava alteração em ausculta pulmonar e foram prescritas medicações antialérgicas.
O paciente não apresentava histórico de alergias das medicações prescritas na unidade de pronto atendimento. Foi submetido a exames laboratoriais e de imagem, incluindo teste de Covid, painel viral de influenza. Que apresentaram alterações radiográficas, evidenciando infiltrados pulmonares, células de defesa baixas e, ainda, discreta alteração renal e hepática.
Durante o período em que esteve na UPA, apresentou franca piora, evoluindo para insuficiência respiratória. Necessitando ser submetido a intubação/ventilação mecânica e, ainda, a antibioticoterapia e retroviral. Porém, mesmo em ventilação mecânica, paciente não apresentou respiração adequada, devido a falta de expansibilidade pulmonar severa, evoluindo em PCR. Refratário às medidas de reanimação por mais de 1 hora, sem sucesso, evoluindo para óbito."
*Estagiária, sob supervisão de Fausto Carneiro