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Agente de saúde da Paraíba anunciou dia D para crianças 

A informação foi dada pela depoente ao MPF, que apura o caso de crianças imunizadas incorretamente contra a Covid na Paraíba

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Doses destinadas às crianças são armazenadas em frascos laranja, enquanto as de adultos ficam em recipiente roxo
Doses destinadas às crianças são armazenadas em frascos laranja, enquanto as de adultos ficam em recipiente roxo Doses destinadas às crianças são armazenadas em frascos laranja, enquanto as de adultos ficam em recipiente roxo

A agente comunitária de saúde responsável por preencher as fichas das crianças vacinadas incorretamente contra a Covid-19 em Lucena, na Paraíba, prestou depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) nesta segunda-feira (17). Ela relatou ter repassado, pelas redes sociais, a informação de que haveria um dia D de vacinação das crianças, motivo pelo qual vários pais da comunidade levaram os filhos para se imunizar. 

A informação do mutirão teria sido dada pela técnica de enfermagem afastada pela prefeitura do município por aplicar doses de adultos no público de 5 a 11 anos, segundo a depoente. A técnica, por sua vez, afirmou ao MPF ter sido orientada pela chefe de imunização da Secretaria Municipal de Saúde a vacinar todos os públicos, já que o lote da vacina estava perto de vencer. 

O suposto dia D ocorreu em 7 de janeiro de 2022, antes mesmo da chegada das doses pediátricas ao Brasil. Com isso, ao menos 36 crianças receberam três vezes a dose necessária na unidade âncora localizada no assentamento Outeiro de Miranda. Outras crianças da faixa etária entre 5 e 11 anos também teriam sido imunizadas incorretamente em 11 de janeiro e 29 de dezembro de 2021 na UBS-V do município, apura o MPF. O cálculo da prefeitura é que tenham ocorrido, ao menos, 48 casos de erro vacinal. 

A agente comunitária foi a profissional que auxiliou a técnica de enfermagem, fazendo o preenchimento das fichas cadastrais. Ela contabilizou a vacinação de 37 crianças no dia, incluindo a prórpia filha, de 5 anos. "Ao vacinar sua filha, [a depoente] não pediu para ver o volume, viu que a seringa estava vazia após a aplicação em sua filha, mas a técnica não lhe informou antes a quantidade e o volume", diz a descrição do depoimento. 

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A depoente afirmou, ainda, que as informações repassadas à comunidade foram todas fornecidas pela técnica de enfermagem e que "não falou com ninguém da Secretaria de Saúde". Apenas após uma denúncia feita por uma mãe é que a agente de saúde disse ter tomado conhecimento do erro vacinal e ter sido contatada por uma diretora da Secretaria de Saúde.

À diretora, a profissional alegou não saber que a vacinação infantil ainda não estava liberada e disse que sua filha não tinha sofrido reações adversas, mas que recebeu relatos de outras mães, que comunicaram "dores no braço, febre, dor de cabeça e diarréia", mas que não sabia de casos de internação devido à aplicação. 

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Assim como ocorreu com ela, a depoente relatou ao MPF que acreditava que outros agentes comunitários de saúde "também receberam informações para vacinar crianças". 

Até o momento, apenas a técnica de enfermagem responsável pelas aplicações foi afastada, mas o prefeito de Lucena, Leo Bandeira (Solidariedade), disse em entrevista, nesta segunda-feira (17), que analisa afastar toda a equipe da Secretaria de Saúde do município.

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O MPF afirmou ao R7 que a responsabilização apurada "não é apenas no âmbito individual da pessoa que aplicou as vacinas, mas também do agente público, do município". As oitivas ainda estão em andamento. 

Além do MPF, o Ministério da Saúde acompanha o caso. O ministro Marcelo Queiroga conversou com as autoridades sanitárias responsáveis e visitou uma mãe cujo filho foi vacinado indevidamente. Queiroga pede cautela na imunização, a fim de evitar novos erros como esse. 

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