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R7 Brasília

‘Agora depende dos europeus’, diz Lula sobre acordo Mercosul-UE ao lado de presidente da Itália

Se concluído, tratado pode formar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com 20% da economia global

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília


Italiano está em visita oficial ao Brasil Ricardo Stuckert/Presidência da República - 15.7.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a declarar nesta segunda-feira (15) que o Mercosul está pronto para assinar o acordo comercial com a União Europeia, discutido há cerca de 20 anos. Ao lado do presidente da Itália, Sergio Mattarella, em agenda no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o petista declarou que a conclusão do tratado depende dos europeus. Se concluído, o acordo vai formar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com quase 720 milhões de pessoas, 20% da economia global e 31% das exportações mundiais de bens.

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“Disse ao presidente Mattarella para avisar aos companheiros da União Europeia que nós do Mercosul estamos aptos a fazer o acordo com a União Europeia. Agora, depende dos europeus”, destacou a jornalistas.

Antes, em declaração oficial conjunta ao lado do italiano, Lula afirmou que os europeus precisam resolver as próprias contradições e criticou medidas impostas nas negociações.

“Reiterei ao presidente italiano o interesse do Brasil em concluir, quanto antes, um acordo com a União Europeia que seja equilibrado e que contribua com o desenvolvimento das duas regiões. Explicitei que o avanço das negociações depende de os europeus resolverem suas próprias contradições internas”, reforçou, ao citar questões ambientais.


“Medidas como a taxa de carbono imposta de forma unilateral, pela União Europeia, pode afetar cinco dos 10 produtos brasileiros mais exportados para o mercado italiano. A redução do CO² é imperativa, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar a vida dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos”, completou.

Lula aproveitou para destacar a relação entre Brasil e Itália. “O Brasil é o maior território italiano fora da Itália, ou seja, deve ter entre 30 e 35 milhões de italianos e descendentes [no Brasil], que têm participação extraordinária na agricultura, na indústria, na universidade, na cultura. Afinal de contas, não é pouca coisa um tenor como [Luciano] Pavarotti fazer eu gostar de música erudita”, brincou, ao elogiar o cantor italiano de ópera morto em 2007.


“Brasil e Itália são muito importantes, é uma relação histórica que a migração começou em 1824 pelo Espírito Santo. Acho que nós temos um comércio, um fluxo comercial de aproximadamente US$ 10 bilhões por ano. Acho pouco pela grandeza do Brasil e da Itália. Espero que essa vinda tenha possibilitado a gente reestabelecer o fortalecimento da parceria estratégica”, completou.

Conclusão até o fim do ano

Na semana passada, em viagem à Bolívia, Lula declarou que o acordo comercial vai ser concluído até o fim de 2024. Em um fórum empresarial em Santa Cruz de La Sierra, com produtores brasileiros e bolivianos, o petista afirmou que a finalização depende apenas da parte europeia.


“Não vamos desprezar a Europa, porque é muito importante”, afirmou Lula, ao comentar que as relações comerciais do Brasil com os demais países da América do Sul e com o continente africano foram estreitadas em seus governos.

“Aliás, quero dizer para os empresários que, se depender do que nós fizemos até agora, este ano nós vamos firmar o acordo da União Europeia com o Mercosul. Da nossa parte, está totalmente pronto e tudo acordado. O que falta, agora, são os europeus se arranjarem, para diminuir as divergências entre eles, porque nós estamos prontos para recebê-los”, completou.

Barreiras à conclusão do acordo

Um dos países europeus mais críticos ao acordo é a França. Os principais entraves são compras governamentais, pontos relacionados às mudanças climáticas e produção agrícola francesa. Quando veio ao Brasil em março deste ano, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que não defende o acordo e avaliou o texto como “péssimo”. Para ele, “precisa ser renegociado do zero”.

Na avaliação de Macron, o ato pode afetar negativamente a competitividade dos franceses em relação aos sul-americanos, principalmente, na questão agrícola. As negociações foram suspensas no início deste ano em função das eleições para o parlamento europeu, que ocorreram em junho. Agora, a expectativa é que as conversas se intensifiquem.

Em junho, durante encontro do G7 na Itália, Lula afirmou que o presidente francês se mostrou mais flexível em relação às tratativas do acordo. Macron, contudo, pediu para que o brasileiro esperasse as novas eleições no país, cujo segundo turno ocorreu na semana passada.


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