Logo R7.com
RecordPlus
R7 Brasília

‘O que está em jogo é a lealdade às instituições’, diz jurista sobre militares do núcleo 4

Nesse grupo, sete pessoas são acusadas de propagar desinformação e promover instabilidade social

Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Julgamento do núcleo 4, envolvido com desinformação, no STF é considerado crucial pelo advogado Berlinque Cantelmo.
  • Sete réus, incluindo cinco militares, são acusados de promover desestabilização social e divulgar notícias falsas.
  • O procurador-geral destaca a contribuição dos acusados para os eventos de 8 de janeiro de 2023, usando recursos da Abin.
  • Caso resultante de ações militares ameaçadoras à democracia transcende às questões disciplinares, atacando a Constituição.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Réus do núcleo da desinformação são quase todos militares Montagem/Arquivo pessoal

O julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) do núcleo 4 da trama golpista, também chamado de “núcleo da desinformação”, ganha um peso maior quando analisado sob a ótica do direito militar, uma vez os membros fazem parte ou integravam instituições que detêm o monopólio legítimo do uso da força pelo Estado.

A análise é do advogado Berlinque Cantelmo, especialista em ciências criminais e sócio do RCA Advogados. Ele acrescenta que os militares têm o dever de proteger e não ameaçar a ordem constitucional.


“Quando militares ou policiais participam de movimentos voltados a subverter as instituições democráticas, o que está em jogo não é apenas a prática de um crime comum, mas a quebra do juramento de lealdade às instituições e à Constituição”, ressalta.

Veja mais

Nesse grupo, sete pessoas são acusadas de propagar, de forma intencional, desinformação, além de promover instabilidade social. No banco de réus, estão cinco militares da ativa e da reserva.


Os réus desse grupo são:

  • Ailton Moraes Barros (ex-major do Exército);
  • Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército);
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal);
  • Giancarlo Rodrigues (subtenente do Exército);
  • Guilherme Almeida (tenente-coronel do Exército);
  • Marcelo Bormevet (agente da Polícia Federal); e
  • Reginaldo Abreu (coronel do Exército).

Relembre

Na última terça (14), o ministro Alexandre de Moraes iniciou o julgamento sublinhando que os réus propagaram sistematicamente notícias falsas sobre o processo eleitoral e promoveram ataques virtuais a instituições e autoridades.


Em seguida, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se. Ele detalhou a atuação dos acusados e reforçou que o grupo contribuiu para a desestabilização social e política que culminou nos eventos de 8 de janeiro de 2023.

Segundo Gonet, os investigados formaram uma central de desinformação, utilizando recursos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para monitorar adversários políticos e produzir narrativas falsas.


Para Berlinque Cantelmo, uma eventual condenação do grupo representaria “uma traição ao próprio fundamento do Estado de Direito.”

“[A condenação] fragiliza a confiança social nas corporações cuja missão é garantir a segurança da população e a estabilidade do regime democrático”, acrescenta.

Crime militar

O especialista explica que há uma dimensão técnica que torna os casos mais complexos, uma vez que militares estão sujeitos a regras específicas de hierarquia, disciplina e justiça própria — a Justiça Militar.

Porém, na avaliação dele, quando o ato ultrapassa os limites internos da caserna e passa a atentar contra o Estado Democrático de Direito, ele deixa de ser considerado “crime militar” e passa à esfera da Justiça comum, “porque o bem jurídico violado é a própria Constituição, e não apenas a disciplina ou a hierarquia militar”.

“Assim, o envolvimento de militares em uma trama de golpe de Estado é julgado sob a ótica da ordem constitucional e não sob o enfoque disciplinar, o que explica a competência do Supremo Tribunal Federal para conduzir o processo, sobretudo quando há conexão com autoridades que detêm foro privilegiado ou com fatos que impactam diretamente as instituições da República”, explica o advogado.

Previsão

Na avaliação de Cantelmo, o atual cenário indica que o Supremo Tribunal Federal deve manter a postura de defesa da democracia. “Em síntese, o julgamento do núcleo 4 é mais do que a análise de um grupo específico de réus. É a reafirmação de princípios que sustentam o Estado de Direito.”

“O fundamento é que, ao julgar com firmeza, o Supremo não apenas apura responsabilidades individuais, mas também busca reforçar os limites institucionais entre poder militar e poder civil, sob argumento de preservar a democracia como o único espaço legítimo para a disputa de projetos políticos no Brasil”, salienta.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.