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ANS descartou denúncia de ‘kit covid’ da Prevent Senior

Beneficiário denunciou ter recebido produtos sem consulta médica. Agência disse que não foi possível identificar indício de infração

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Hospital da Prevent Senior, na zona sul de São Paulo
Hospital da Prevent Senior, na zona sul de São Paulo Hospital da Prevent Senior, na zona sul de São Paulo

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não levou adiante uma denúncia de que um usuário da operadora de saúde Prevent Senior recebeu em casa o chamado ‘kit covid’, composto por medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19, sem sequer ter passado por uma consulta médica. A Prevent agora está no foco da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, depois que servidores encaminharam à comissão um dossiê apontando, entre outros pontos, que a empresa teria ocultado mortes pela doença e impedido uso de equipamento de proteção individual (EPI) para o vírus circular nas unidades.

O diretor da empresa, Pedro Benedito Batista Júnior, prestará depoimento à CPI na próxima quarta-feira (22). A referida denúncia foi encaminhada pela ANS pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em 8 de março deste ano. Na denúncia, o segurado da Prevent afirmou que a operadora encaminhou diversos medicamentos sem que ele detalhasse seu estado de saúde. Ele afirmou que teve tosse e, com medo de estar infectado com o coronavírus, usou o aplicativo oferecido pela operadora. Em seguida, recebeu um "termo de consentimento livre e esclarecido" e o assinou, ao entender que seria necessário para seguir com o atendimento.

Dias depois, ele disse ter recebido em casa um kit com prednisona, ivermectina, azitromicina, colchicina, hidroxicloroquina, colecalciferol e vitaminas, prescritos pelo médico Rafael Souza da Silva, que não chegou a atendê-lo. O R7 teve acesso a uma análise da denúncia encaminhada por um grupo de médicos, assim como o resumo da referida denúncia de um beneficiário.

Segundo os documentos, os kits eram enviados às casas dos clientes do plano com uma receita padrão, idêntica, e assinada pelo mesmo médico. Cada consultório dos hospitais da Prevent, segundo a denúncia, tinha kits que deveriam ser entregues aos pacientes com sintomas gripais, mesmo sem teste para covid-19.

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Em resposta à deputada, no caso da denúncia de um beneficiário, a ANS afirmou que “da forma como se mostra a denúncia, não é possível identificar a presença de indícios de infração à Legislação de Saúde Suplementar, motivo pelo qual não há providências a serem adotadas por esta Agência Reguladora no momento”. A agência alegou que as operadoras de planos de saúde não são obrigadas a oferecer medicamentos em caso de tratamento domiciliar e não estão obrigadas a fornecer remédios para uso off label (ou seja, fora da bula indicada do medicamento).

Assim, segundo a ANS, também não há norma que impeça as operadoras de fornecer os medicamentos, e apontou ainda que o beneficiário assinou termo de consentimento sobre uso de hidroxicloroquina e azitromicina. A agência citou a nota informativa de maio do ano passado, do Ministério da Saúde, com orientações incentivando o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19, como cloroquina, no chamado “tratamento precoce” da doença, algo refutado pela comunidade científica.

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Em resposta à denúncia, a Prevent afirmou que possui protocolo institucional que prevê a possibilidade de prescrição dos medicamentos e que o uso desses medicamentos vem sendo “politicamente rebatido”. A empresa ainda afirmou que os médicos tinham autonomia profissional, mas que nunca foram obrigados a receitar o chamado kit covid. A operadora ainda afirmou que remédios off label para a covid-19 são prescritos depois que o paciente é avaliado.

A ANS afirmou em nota que estão em curso dois processos para apurar denúncias contra a Prevent Senior, sendo um para verificar se os médicos sofreram restrição na sua liberadade profissional e outro para verificar se os beneficiários foram devidamente informados sobre os riscos da utilização dos medicamentos. "A documentação obtida após a realização de diligência em endereço da operadora está em análise e a ANS aguarda resposta da CPI da Covid à solicitação de informações relativas ao tema", pontuou.

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A Prevent enviou uma nota dizendo que "nega e repudia denúncias sistemáticas, mentirosas levadas anonimamente à CPI da Covid e à imprensa". A empresa afirmou que pediu na última segunda-feira (20) "que a Procuradoria-Geral da República investigue as denúncias infundadas e anônimas levadas à CPI por um suposto grupo de médicos".

"Estranhamente, antes de as acusações serem levadas à comissão do Senado, uma advogada que representa esse grupo de médicos insinuou que as denúncias não seriam encaminhadas à CPI se um acordo fosse celebrado. Devido à estranheza da abordagem, a Prevent Senior tomará todas as medidas judiciais cabíveis", pontuou a companhia.

Sobre a denúncia envolvendo o kit covid, a assessoria da empresa informou que a Prevent enviava os medicamentos a pessoas que não tinham necessidade de internação e durante o período de isolamento social. De acordo com a assessoria, os pacientes eram monitorados diariamente, e o kit era enviado mediante assinatura de termo de consentimento.

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