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Intoxicação por metanol: Anvisa abre chamamento internacional para compra de antídoto

Brasil registrou 59 notificações relacionadas à intoxicação por metanol até a tarde desta quinta-feira

Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

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A intoxicação por metanol pode causar cegueira irreversível e óbito Sumaia Villela/Agência Brasil/Arquivo

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou no Diário Oficial da União desta sexta-feira (3) o edital de chamamento internacional para identificar fabricantes e distribuidores do medicamento Fomepizol, usado como antídoto em casos de intoxicação por metanol.

De acordo com o documento, a aquisição prevista é de ampolas de 1,5 ml, com concentração de 1.000 mg/ml.


“Atualmente, o Fomepizol não possui registro sanitário no Brasil, o que torna necessária a busca por fornecedores em outros países para atender à demanda do SUS (Sistema Único de Saúde)”, informou a agência.

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Em nota, a Anvisa destacou ainda que, segundo dados do Ministério da Fazenda, há uma necessidade urgente de assegurar o abastecimento nacional do medicamento, garantindo a segurança assistencial em situações de emergência.


Ações

A Agência já consultou formalmente autoridades reguladoras internacionais sobre a autorização de comercialização do produto em seus respectivos países. As agências consultadas são:


  • ANMAT (Argentina)
  • COFEPRIS (México)
  • EMA (União Europeia)
  • FDA (Estados Unidos)
  • Health Canada (Canadá)
  • MHLW (Japão)
  • MHRA (Reino Unido)
  • NMPA (China)
  • Swissmedic (Suíça)
  • TGA (Austrália)

Suporte às análises laboratoriais

A Anvisa também está em articulação com os laboratórios da Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) para definir o fluxo de coleta e envio de amostras suspeitas de contaminação. Já foram identificados três laboratórios com capacidade analítica para esse tipo de análise:

  • Lacen/DF
  • Laboratório Municipal de São Paulo
  • INCQS/Fiocruz

A previsão é de que, em breve, esses laboratórios estejam plenamente aptos a iniciar as análises. Além disso, a Agência está em tratativas com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), visando estabelecer cooperação para ampliar a capacidade de testagem das amostras.


As orientações para envio de amostras pelas Vigilâncias Sanitárias estaduais e municipais serão divulgadas em breve.

Disque-Intoxicação (0800-722-6001)

Atualmente, 13 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) fazem parte do serviço Disque-Intoxicação, mantido pela Anvisa: Manaus (AM); Fortaleza (CE); Goiânia (GO); Belo Horizonte (MG); Campo Grande (MS); Cuiabá (MT); João Pessoa (PB); Campina Grande (PB); Recife (PE); Porto Alegre (RS); Aracaju (SE); São Paulo (SP) e Santos (SP).

Esses centros estão preparados para oferecer assistência e informações de primeiros socorros em casos de intoxicação, até que o paciente chegue ao local de atendimento médico de emergência.

O Disque-Intoxicação centraliza as ligações e as redistribui ao Ciatox disponível mais próximo do local de origem da ligação. A adesão dos Centros ao serviço é voluntária, mas o serviço tem abrangência nacional.

Se o Ciatox de uma localidade não fizer parte do Disque-Intoxicação, ainda assim ele pode fornecer atendimento por canais próprios.

A relação dos 32 centros que fazem parte da Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Abracit) e seus respectivos canais de atendimento pode ser consultada em https://abracit.org.br/

Bebidas falsificadas

Desde o mês passado aumentaram os casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebida alcoólica adulterada. Até esta quinta-feira (2), o Brasil registrou 59 notificações de casos suspeitos. O balanço foi apresentado pelo ministro Alexandre Padilha, em entrevista à imprensa na Sala de Situação, instalada pelo governo para monitorar os casos e coordenar as medidas de resposta.

Segundo uma pesquisa desenvolvida pela Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo), mais de um terço das bebidas comercializadas no Brasil em abril deste ano eram forjadas, adulteradas ou contrabandeadas. Os dados também apontam uma situação alarmante: uma em cada cinco garrafas de vodca vendidas no Brasil é adulterada.

De acordo com o levantamento, os produtos mais afetados pela prática criminosa são vinhos e destilados. Para o diretor-executivo da Federação, Edson Pinto, os números demonstram “um grande esquema de adulteração em larga escala em território nacional”.

“É importante salientar, entretanto, que a grande maioria dos negócios do ramo de bares e restaurantes age de forma correta e também se torna vítima ao receber produtos adulterados de fornecedores“, ressaltou o diretor-executivo.

”De outro lado, há quem compactue com ilegalidades. Há seis meses, já havíamos alertado o mercado sobre a prática, por meio de um levantamento que nos apresentou porcentagens assustadoras de fraude“, contou.

Afinal, o que é metanol?

De acordo com o Conselho Federal de Química, o metanol é um líquido incolor e inflamável usado na indústria química.

O biólogo e mestre em Ecologia Dani Gonçalves da Silva Pinheiro explica que, sob o ponto de vista biológico, o metanol é uma molécula simples (CH₃OH), que pode ser encontrada em pequenas quantidades na natureza, produzida em processos de decomposição vegetal e até mesmo por algumas frutas em fermentação.

No entanto, quando ingerido ou inalado em quantidades relevantes, torna-se um veneno potente.

“Apesar dos riscos, o metanol tem usos importantes na indústria: ele serve como matéria-prima para a fabricação de plásticos, solventes, combustíveis e até como alternativa energética em células a combustível”, frisa Dani Pinheiro.

O problema, porém, é quando esse composto começa a ser usado para adulterar bebidas alcoólicas. Após 48 horas, seu efeito pode ser mortal, como nos casos notificados até o momento.

Efeitos no organismo

Conforme o Conselho Federal de Química, a ingestão de metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, vômito, tontura e depressão do sistema nervoso central. O perigo maior, no entanto, aparece nos efeitos tardios: o metanol pode causar danos permanentes à visão.

Prevenção e controle

Como não é possível identificar o metanol em uma garrafa de bebida, uma vez que ele é transparente, o ideal é sempre verificar a procedência da garrafa e desconfiar de preços muito abaixo dos praticados no mercado.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, que o governo federal trabalha em conjunto aos estados e municípios, além da Anvisa, para monitorar casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas e coordenar medidas necessárias.

Padilha também pediu que os brasileiros não consumam bebidas destiladas.

“Recomendo, na condição de ministro da Saúde, mas também como médico: evite, neste momento, ingerir um produto destilado, sobretudo os incolores, que você não tem a absoluta certeza da origem dele. Não estou falando de um produto essencial para a vida das pessoas, um produto da cesta básica. É um produto que é objeto de lazer. Não faz problema nenhum na vida de ninguém evitar o consumo desses destilados”, afirmou.

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