Apaixonadas por aves, 150 pessoas do DF se dedicam a observar pássaros
Na área urbana de Brasília, 30 espécies podem ser observadas pelos adeptos da prática
Brasília|Do R7

Passar horas observando aves livres na natureza é um hobby que tem se tornado conhecido e tem atraído cada vez mais adeptos de diversas formações acadêmicas. No Distrito Federal, o grupo Observaves (Observadores de Aves do Planalto Central) reúne cerca de 150 “passarinheiros” (maneira como se denominam) interessados na experiência.
De acordo com um dos articuladores, o empresário Rodrigo D'Alessandro, o grupo se formou em 2005, quando algumas pessoas do DF, como ele e outro articulador, o biólogo Marcelo Monteiro, começaram a fazer as chamadas “saídas”, que são expedições para observar os animais. Para facilitar o contato dos interessados, eles criaram um grupo de discussão por e-mail que, posteriormente, se transformou no Observaves.
Na internet são organizadas as saídas, ou “passarinhadas". Os observadores utilizam diversas técnicas para encontrar ou atrair as aves, de acordo com o ambiente em que a prática é realizada.
Um delas é o uso do play-back, um aparelho que reproduz o som de aves, atraindo-as para mais próximo do grupo até que seja possível a observação com binóculos, lunetas ou máquinas fotográficas.
Para observar espécies diferentes de pássaros, grupo do DF já viajou para lugares como Alto Paraíso (GO), na Chapada dos Veadeiros e Pirenópolis (GO). No mês passado, os observadores fizeram a maior expedição da história do grupo, passando uma semana no Estado do Tocantins, nas cidades de Palmas, Caseara e Lagoa da Confusão.
No Distrito Federal, o Observaves faz as passarinhadas, principalmente, em locais de grandes áreas verdes com cerrado preservado como o Parque Nacional de Brasília, Jardim Botânico, Parque Olhos D’Água, Parque Ecológico Dom Bosco. Além disso, segundo Rodrigo D'Alessandro, como Brasília é bastante arborizada, é possível observar aves na cidade, inclusive nas superquadras.
— A gente já fez saídas nas quadras e é muito comum observar de 20 a 30 espécies de aves, mesmo dentro da cidade. Essas já se adaptaram ao ambiente urbano com o Sabiá Laranjeira e a Coruja Buraqueira, que se vê em qualquer gramado, o Quero-quero. Essas são as mais comuns em Brasília.
Fotografia
Segundo o articulador, apesar de ser muito comum o registro fotográfico durante a prática, esse não é, exclusivamente, o objetivo da observação dos pássaros. Rodrigo diz que a atividade já é antiga em outros países, onde não é tão comum fotografar os animais.
— Como aqui é uma novidade, a atividade já chegou acompanhada da fotografia digital, que hoje é bem mais acessível. Antigamente se usava filme e era muito mais caro.
Muitos dos registros são divulgados no site Wikiaves, uma espécie de enciclopédia e rede social de observadores, em que há cerca de 370 integrantes cadastrados do DF.
A observação também não tem necessariamente caráter científico. As pessoas do grupo, de diversas profissões, encaram a atividade de maneiras diferentes, algumas até veem a prática como uma filosofia de vida.
— Temos diversos perfis de observadores no grupo, desde aqueles que querem saber os nomes científicos das aves até aquelas que querem somente ir a campo, sem pretensões de se aprofundar.
No entanto, Rodrigo explica que é necessário um conhecimento mínimo sobre os hábitos das aves e a relação delas com a natureza para facilitar a localização dos animais. Para compartilhar esse conhecimento, além das reuniões de rotina, o grupo promove encontros formais como o Avistar Brasília, realizado pela segunda vez na capital neste fim de semana. No evento são realizadas palestras e workshops para iniciados ou leigos na observação de aves.
— A interação com as pessoas, seja manuseando o binóculo ou a câmera fotográfica, seja aprendendo a escutar o canto para identificar uma ave, é compartilhada para que todos aprendam e consigam observar sozinhos, se quiserem.
Serviço:
Avistar Brasília
Local: Jardim Botânico de Brasília
Data: 3 e 4 de agosto
Entrada franca
