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Após 35 anos, pai e filho se reencontram por interação nas redes sociais

Encontro de Hércules Ribas e Antônio Cunha foi marcado por abraços e emoção, após mais de três décadas de separação

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Antônio dos Santos Cunha e Hércules Ribas Cunha, pai e filho, se reencontram após 35 anos
Antônio dos Santos Cunha e Hércules Ribas Cunha, pai e filho, se reencontram após 35 anos

Um filho que não tinha notícias do pai havia 35 anos o reencontrou após uma troca de "likes" nas redes sociais. O professor Hércules Ribas Cunha, morador de Santa Maria (DF), conseguiu finalmente conhecer o pai, Antônio dos Santos Cunha, com quem não tinha contato desde que era bebê. O encontro aconteceu em Santos, no litoral de São Paulo, no último domingo (24).

“É como se fosse um buraco sendo fechado, uma lacuna preenchida. Foi uma parte da minha história que se reconectou e, a partir disso, eu posso entendê-la melhor e seguir daqui para frente”, comentou Hércules, que registrou o momento nas redes sociais.

Foi com a ajuda da internet, inclusive, que o professor encontrou as pistas importantes sobre o paradeiro do pai. A busca começou há aproximadamente 20 anos, ainda na época do Orkut, quando o jovem procurava por qualquer notícia que o levasse a Antônio em grupos de pessoas desaparecidas. Mais tarde, ele chegou a procurar a Justiça Eleitoral em busca da localização do pai, mas sem sucesso.

O desejo de conhecer as próprias raízes se aprofundou ainda mais após ele sofrer um sequestro em Samambaia (DF), em 2019. No entanto, a sorte de Hércules só mudaria em julho de 2022, quando teve uma foto nas redes sociais curtida por uma mulher com o mesmo sobrenome que o dele.


"Eu sabia os nomes de algumas tias, mas nunca tinha procurado por elas nas redes sociais, fazia buscas apenas pelo nome do meu pai. Depois disso, mandei mensagem para todos os amigos em comum com ela que tinham o sobrenome Cunha no Facebook. Até que uma tia me respondeu, disse que era irmã do meu pai, que ele também estava me procurando, mas que não sabia como me encontrar”, detalha.

Leia também: Pai e filho se reencontram após 58 anos


Por coincidência, Hércules tinha uma viagem marcada para São Paulo na mesma semana. Era a ocasião perfeita para o reencontro. Ele conseguiu o telefone do pai, conversaram, trocaram mensagens, áudios, fotos e alimentaram o desejo de ser ver novamente.

Não havia mais o enigma de uma localização desconhecida. Apenas duas horas de avião e outras duas de ônibus os separavam após 35 anos distantes. E, logo na entrada do prédio onde atualmente vive seu Antônio, eles tiveram a confirmação de que eram mesmo pai e filho.


Hércules Ribas Cunha e Antônio dos Santos Cunha
Hércules Ribas Cunha e Antônio dos Santos Cunha

“Foi emoção de ambos os lados, ele chorou, estava emocionado. Já eu fiquei estático, não consegui reagir, nos abraçamos e depois eu consegui relaxar, quebrar o gelo. Eu queria muito reencontrá-lo em vida e pra isso eu fui com meu coração leve, em paz e sereno, sem julgamentos, apenas para reencontrar uma parte da minha história”, relata o professor.

Entre uma conversa e outra, seu Antônio, emocionado, mostrou que ainda guardava lembranças do filho, como a certidão de nascimento. “Ele guardou coisas minhas, tinha um sapatinho meu de quando era bebê. Eu ainda estava na memória dele e foi muito bom saber disso”, conta.

Os pais de Hércules se casaram na década de 1980, mas o relacionamento não ia bem e decidiram se divorciar quando o filho tinha 6 meses. Na época, Antônio foi morar em São Paulo, e Hércules ficou com a mãe, no Distrito Federal. Foi assim que perderam o contato.

Mesmo reconhecendo o padrasto como uma figura paterna, Hércules conta que a falta do pai foi potencializada na adolescência. “Eu tenho um pai de criação, que foi meu pai, minha referência, que acabou amenizando a falta do meu pai biológico. Minha mãe também fez o melhor que pôde, ela segurou muito a onda, fez papel de pai e mãe. Mas quando a gente é adolescente, em muitos momentos, a gente pensa que talvez algumas coisas seriam diferentes se a gente tivesse pai. Isso me machucava na época. Era como ter uma saudade do que eu nunca tinha vivido”, detalha.

O encontro de Hércules e Antônio durou apenas um domingo ensolarado no litoral paulista. Mas ele ressalta que ainda tem muito o que conversar com o pai e pretende estreitar ainda mais os laços entre os dois. “Eu acho que todo ser humano merece entender sua história e saber de onde vem. Esse não foi um desfecho para mim, foi apenas o início de uma nova história”, conclui.

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