Após cirurgia, Lula segue no hospital até terça e depois despacha do Palácio da Alvorada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou na manhã desta sexta-feira (29) uma cirurgia para tratar atrose no quadril direito. O procedimento, considerado de baixo risco, foi feito em um hospital de Brasília. Apesar disso, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, não assumirá o comando do país. O petista, por sua vez, seguirá despachando do Palácio da Alvorada nas próximas semanas.

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Entenda o quadro de saúde de Lula

Entenda o quadro de saúde de Lula

De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), há previsão de que Lula fique no hospital até a próxima terça-feira (3). Durante o período de recuperação, o presidente não vai despachar de seu gabinete, no Palácio do Planalto, e, sim, continuar trabalhando, mas do Palácio da Alvorada, por até quatro semanas.

No período, o vice-presidente Geraldo Alckmin não deve assumir a Presidência da República, segundo interlocutores do Palácio do Planalto. A possibilidade foi discutida pelas equipes do Planalto, mas foi descartada porque o vice-presidente pode tomar decisões caso aconteça algum episódio que imponha uma ação presidencial imediata.

Para Vera Chemin, especialista em direito constitucional e mestra em administração pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV), durante a cirurgia Lula não pode exercer a função de presidente, uma vez que vai estar sob anestesia e isso é, obviamente, um impedimento. Ela cita o artigo 79ª da Constituição Federal, que versa sobre o caso.

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"Substituirá o presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o vice-presidente. O vice-presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais", diz o trecho da Constituição.

Nesta semana, Alckmin também descartou a medida. "Não há necessidade de o presidente se afastar do cargo porque vai ser um período curto, praticamente um final de semana, e depois ele despacha do Palácio da Alvorada. Os deslocamentos, eventos que têm fora do Brasil, nós poderemos representá-lo. Mas na minha opinião deve continuar. Não há necessidade de nenhum afastamento."

Cirurgia

O procedimento do chefe do Executivo é uma artroplastia total de quadril, com a inserção de uma prótese híbrida. A cirurgia era recomendada pela equipe médica, mas Lula vinha adiando a operação desde o fim do ano passado. Em diversas ocasiões, o presidente, de 77 anos, reclamou das dores que vinha sofrendo.

"Eu tomei uma decisão: vou operar o quadril nos próximos meses. É um procedimento bem simples. A dor me deixa de mau humor, e eu quero ficar de bom humor, porque eu assumi um compromisso para que o Brasil dê certo. E vai dar certo", disse Lula em uma rede social em julho.

"Às vezes, fica visível no meu rosto que estou irritado, que estou nervoso. E, aí, você vai ficando uma pessoa incômoda, uma pessoa chata, uma pessoa que ninguém quer falar bom-dia para você, com medo de tomar um esporro. Estou chegando à conclusão de que tenho que operar", acrescentou.

Nos últimos dias, Lula foi criticado por uma fala capacitista, que é a discriminação e preconceito contra pessoas com alguma deficiência. "Vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião, mas vou trabalhar normalmente. Vocês não vão me ver de andador nem de muleta, vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado", declarou o presidente, em uma suposta ligação do uso do objeto com a suposta definição de beleza.

Recentemente, a Itaipu Binacional cedeu um carrinho elétrico de golfe a Lula para ele se locomover durante a recuperação. De acordo com a empresa, o contrato de cessão do carrinho assinado com a Casa Civil estabelece que a Presidência da República deverá fazer as manutenções preventiva e corretiva indicadas no manual do proprietário, que foi entregue com o veículo.