Após morte de criança, especialistas citam riscos de balões
Menino de 10 anos morreu após engolir um balão em Luziânia (GO); entenda os riscos e saiba os cuidados para evitar acidentes
Brasília|Priscila Mendes, do R7, em Brasília
Aparentemente artigos inofensivos de decoração, os balões populares em festas podem representar riscos sérios e fatais para as crianças quando são engolidos, causando asfixia e sufocação. É o que alertam especialistas após um episódio trágico no Entorno do Distrito Federal.
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Pedro Henrique Silva, de 10 anos, morreu no último sábado (12), após engolir um balão de festa em Luziânia (GO). O menino estava enchendo bexigas com outras crianças na casa de uma amiga da mãe quando engoliu a bexiga.
"Ele correu na sala já abrindo os braços, pedindo socorro. Só que a amiga da mãe dele achou que ele estava brincando", conta Cláudio Gomes, cunhado da mãe da criança. Pedro desmaiou e chegou a ser levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Ingá, mas não resistiu e morreu no local.
Esse tipo de acidente acontece em segundos, especialmente com as crianças. Renata Dejtiar Waksman, médica do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que há uma distância pequena entre os dentes incisivos da criança e a base da língua. Por isso, alimentos e objetos lisos ou escorregadios deslizam facilmente para a laringe, ocasionando asfixia e/ou aspiração para o brônquio.
É o que acontece nos casos que envolvem balão. Depois que a criança aspira a bexiga estourada, o pedaço desliza atrás da língua, parando na garganta. A obstrução das vias respiratórias impede a passagem de ar, o que pode ser fatal se ocasionar a falta de oxigenação e ventilação no cérebro. "A asfixia mata em 4 a 5 minutos e, se a criança sobreviver, poderá ficar com sequelas neurológicas graves", alerta Renata Waksman.
Por isso, a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que as crianças e os adolescentes não tenham acesso a produtos que sejam de borracha, plástico ou que possam ser engolidos e deslizar pela boca e garganta, principalmente na ausência dos pais ou responsáveis.
Outra recomendação é descartar esses produtos e aqueles pedaços murchos que sobram. É muito comum a contaminação pelos compostos químicos presentes nas bexigas. Elas são feitas de látex e podem ainda provocar inflamações.
O que fazer
Na hora do acidente, os pais ou responsáveis devem manter a calma. Como a asfixia põe a vida da criança em perigo, é preciso saber agir rapidamente e da maneira correta. "O ideal é que todos realizem o Curso de Suporte Básico de Vida e procurarem auxílio quanto antes, no pronto-socorro e Corpo de Bombeiros mais perto, para que a criança seja atendida da forma adequada", diz Renata.
Tosse e engasgo podem ser os primeiros sinais de que a criança aspirou algo estranho. Se ela conseguir respirar, o melhor é levá-la ao pronto-socorro. Casos mais graves, com asfixia, falta de ar e lábios arroxeados, exigem um atendimento ainda mais rápido.
Em crianças maiores de 1 ano é necessário realizar a manobra de Heimlich. O procedimento consiste em abraçar a vítima de asfixia por trás e comprimir abaixo das costelas, no sentido de baixo para cima, até deslocar o objeto da via área para a boca.
"Nesses casos de asfixia com pedaço de balão é ainda mais difícil de removê-lo, porque ele veda [a passagem de ar] e adere muito à entrada da traqueia", alerta Renata Waksman.
A recomendação é que a pessoa, quando consegue enxergar o balão na boca, o retire com cuidado. Caso contrário, o ideal é evitar usar os dedos para a retirada. Esse procedimento pode fazer com que o artigo de festa seja empurrado para as regiões mais baixas e piorar ainda mais a situação.
Idade certa
O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), órgão brasileiro que regula a qualidade de produtos, destaca que as bexigas são artigos para crianças a partir de 6 anos. Alguns fabricantes contam com uma recomendação mais cautelosa e informam na embalagem que o produto deve ser usado apenas para crianças a partir de 8 anos.
Para serem comercializados no mercado brasileiro, balões de encher ou bolas de festa (metalizados, de plástico e bexigas de látex) devem atender, obrigatoriamente, a requisitos de segurança.
De acordo com o Inmetro, entre as advertências que devem estar expressas nas embalagens do produto, duas são de extrema importância. Adultos devem encher os balões e supervisionar o uso quando por crianças com menos de 6 anos; e crianças podem se asfixiar com o balão vazio ou partes de um balão danificado. Outra orientação imprescindível é "descartar imediatamente os balões danificados".
O Instituto ressalta ainda que o consumidor deve adquirir apenas produtos em mercado formal e observar a presença do Selo de Identificação da Conformidade do Inmetro na embalagem. Tal selo evidencia que o produto foi submetido a ensaios e atendeu aos requisitos de segurança previstos no regulamento técnico. Outro ponto importante a ser observado é o gás inserido nos balões metalizados. Esse gás não pode nunca ser inflamável.