Às vésperas de depoimento, quebras de sigilo de Gonçalves Dias ainda não chegaram à CPMI do 8/1
Ex-GSI será ouvido nesta quinta-feira; pedido dos dados telefônico e telemático do general foi aprovado em 3 de agosto
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
Os dados sigilosos telefônico e telemático do general Gonçalves Dias, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República durante o 8 de Janeiro, ainda não chegaram à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura os atos extremistas. Ele será ouvido pela comissão nesta quinta-feira (31). O pedido para as quebras foi aprovado em 3 de agosto. Na última terça-feira (22), a coordenação do colegiado enviou um ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dando prazo de cinco dias para o envio das informações, o que, até a publicação desta reportagem, ainda não ocorreu.
O pedido para obter os dados sigilosos foi feito pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). As informações demandadas são referentes ao período de 2 de outubro de 2022 a 31 de janeiro de 2023. No requerimento, a senadora cita a sindicância do GSI que mira Gonçalves Dias.
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"Verifica-se a necessidade de aprofundar as investigações, de modo a trazer os esclarecimentos necessários sobre o papel desempenhado pelo referido agente no GSI no período eleitoral, durante a existência dos acampamentos golpistas e nos desdobramentos do 8 de janeiro. Desse modo, é necessária a quebra do sigilo telemático, conforme indicado no corpo do requerimento", justifica Eliziane.
Na sindicância citada, o GSI concluiu que o então ministro da pasta na época dos episódios não teve culpa pela invasão e depredação do Palácio do Planalto. O processo foi conduzido pelo secretário-executivo do GSI, Ivan de Sousa Corrêa Filho, que compartilhou o relatório da investigação com a CPMI.
Depoimento
O ex-GSI será ouvido na CPMI nesta quinta-feira (31), após forte pressão feita pela oposição. Parlamentares da base governista com quem a reportagem conversou consideram que o depoimento será "difícil" para o general, sobretudo no que diz respeito ao pedido para que o nome dele fosse retirado do relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com alertas do órgão sobre o 8 de Janeiro.
Mensagens obtidas pelo R7 confirmam o pedido de Gonçalves Dias ao então diretor adjunto da Abin, Saulo Cunha. Em conversa entre os dois, o general pergunta se o nome dele poderia ser "retirado daquela relação". A referida relação se trata de um relatório da Abin que seria enviado ao senador Esperidião Amin (PP-SC), então presidente da Comissão Mista de Controle da Atividade de Inteligência do Congresso Nacional.
Leia mais: Abin tentou ‘se blindar’ após 8 de janeiro, e ex-GSI pediu nome fora de relatório, revelam mensagens
No diálogo, Dias chegou a questionar se alguém mais sabia do relatório antes de pedir novamente a retirada do nome, e Saulo negou o vazamento da relação. O documento que chegou ao senador Amin já não continha o nome do general.
A reportagem entrou em contato com o general Gonçalves Dias, e o espaço segue aberto para posicionamento.