Associação de servidores da Anvisa repudia ameaças contra técnicos
Univisa divulgou nota de repúdio a qualquer tentativa de intervenção sobre o posicionamento da autoridade sanitária
Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
A associação de servidores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Univisa, publicou uma nota de repúdio "às tentativas de intimidação ao corpo técnico" da agência após a aprovação do uso da vacina da Pfizer para imunizar crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19. "A Univisa vem a público para, mais uma vez, reconhecer o trabalho técnico e incansável realizado pelo corpo de servidores", ressaltou em nota, nesta sexta-feira (17).
A associação contextualizou. "Recentemente, com os rumores de possível decisão nesse teor, diretores e servidores da Anvisa sofreram ameaças. Tendo como pano de fundo um discurso negacionista e anticientífico — antagônico à boa técnica e às boas práticas regulatórias —, servidores públicos foram ameaçados pelo regular exercício do seu dever funcional. Algo extremamente incompatível com o regime democrático e que deveria inspirar a máxima atenção das autoridades competentes."
O texto da Univisa afirma que "repudia qualquer ameaça proferida contra o corpo técnico da Anvisa, bem como a quaisquer tentativas de intervenção sobre o posicionamento da autoridade sanitária que não advenham do debate estritamente científico e democrático". "A associação se solidariza com aquelas e aqueles que, extenuados pela carga de trabalho imposta pela pandemia, veem-se ainda perturbados e constrangidos por ameaças. Fato que se torna mais grave quando parte das autoridades que possuem o dever de zelar pela paz, pela saúde pública e pelo cumprimento das decisões da administração", defendeu.
Na última quinta-feira (16), em transmissão ao vivo pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a exigência de vacinação e o passaporte da vacina. O mandatário afirmou que pediu, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para o público de 5 a 11 anos, argumentando que os pais das crianças têm o dever de saber essa informação.
"Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas, para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e forme o seu juízo. [...] Todo pai e mãe tem que ter responsabilidade de ler o que está escrito aqui [comunicado da agência], onde a Anvisa fala dos cuidados, precauções, contraindicações e indicações para o seu filho poder tomar a vacina", afirmou.
A associação criticou a ideia de divulgar a identidade dos envolvidos, dizendo que a intenção "não traz consigo qualquer interesse republicano". "Uma atitude que demonstra desprezo pelos princípios constitucionais da administração pública, pelas decisões técnicas da agência e pela vida dos seus servidores", defendeu.