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Ataque de pit bulls: PMs podem atirar? Especialistas opinam

Morte de dois pit bulls no DF levanta questionamentos sobre a abordagem policial em caso de ataque dos cães

Brasília|Karla Beatryz*, do R7, em Brasília

Apesar das ocorrências de ataque, a raça pit bull é considerada dócil e amigável
Apesar das ocorrências de ataque, a raça pit bull é considerada dócil e amigável

Dois pit bulls foram mortos pela Polícia Militar quando atacavam um cachorro menor, nesta semana, no Gama (DF). Após a repercussão do caso, surgiram questionamentos sobre a atitude dos policiais. Para entender o procedimento ideal em situações como essa, o R7 ouviu especialistas.

A vice-presidente da Comissão de Direito dos animais de Taguatinga (DF), Ana Paula Vasconcelos, afirma que a recomendação é que as autoridades tentem alternativas para dissipar a ação durante um ataque. No que se refere ao caso da última terça-feira (7), em que policiais militares mataram dois pit bulls, ela diz que pode ter sido uma situação em que houve necessidade de atirar, mas que o episódio deve ser investigado.

“As circunstâncias devem ser analisadas. Se alguém ou algum animal está em risco, por exemplo. Em princípio, se os PMs agem por estado de necessidade, que é uma excludente de ilicitude, a conduta não constitui crime”, afirma a advogada.

O deputado estadual Bruno Lima (PSL-SP), delegado e ativista da causa animal, defende a tese de que as forças de segurança pública devem sempre preservar a vida, dos animais e dos humanos. As autoridades complementares (Vigilância Ambiental de Zoonoses e Polícia Ambiental) devem ser acionadas para finalizar o atendimento, fazendo a contenção e o resgate do bicho.


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“A preservação da vida é o bem maior que deve ser buscado. Assim, acredito que a morte nunca é o melhor resultado. Os policiais podem acionar as autoridades especializadas para resguardar a vida do animal e a segurança da sociedade”, declara.

Para o deputado, caso o policial entenda que a vida dele e a dos demais cidadãos correm perigo, ele poderá usar de meios mais incisivos, buscando sempre garantir a segurança das pessoas.


Pit bulls foram mortos por PMs durante ataque

O R7 pediu à Polícia Militar do DF um comentário sobre o caso. A corporação afirma que os militares agiram em legítima defesa e, dada a situação, eles não poderiam agir de outra forma. Segundo a PM, os policiais foram considerados heróis, por evitar que outro acidente fosse causado pelos cães.

Segundo a advogada Ana Paula Vasconcelos, na esfera administrativa, o tutor deve seguir a legislação distrital, que obriga o uso de focinheira e coleira em vias públicas. O responsável pelos pit bulls ainda não foi identificado. Ele vai responder por omissão de cautela na guarda ou condução de animais. O crime está sendo investigado pela 20ª Delegacia de Polícia (Gama).


A tutora do animal morto poderá ingressar com ação de reparação de dano moral e material. Caso ela tenha tido despesas, poderá ser ressarcida, se ganhar a causa na Justiça. Também cabe processo por dano moral, para reparar a dor pela perda do animal de estimação, em caso de comprovação da conduta ilícita do dono do pit bull.

Pit bulls são vilões?

A vice-presidente da Comissão de Direito dos animais de Taguatinga diz que a raça pit bull é estigmatizada em razão da irresponsabilidade dos tutores. Ana Paula afirma que realiza resgates frequentes de pit bulls em situação de maus-tratos. Segundo ela, os animais da raça são dóceis, mas, em razão dos treinamentos e estímulos à violência, acaba atacando outros cães.

Ana Paula, presidente da Comissão de Direitos dos Animais, realiza resgates de pit bulls
Ana Paula, presidente da Comissão de Direitos dos Animais, realiza resgates de pit bulls

“Nessa situação, o grande responsável que deverá ser punido é o tutor, por não exercer a guarda responsável e deixar os animais soltos, pondo a vida de pessoas e outros animais em risco”, diz a advogada.

Apesar de a raça não ser indicada para a função de cão de guarda, muitos tutores escolhem os pit bulls e os treinam para isso, estimulando comportamentos de ataque. O animal é considerado parceiro e amigo, e treiná-lo para essa função poderá fazê-lo desenvolver temperamento ansioso e obsessivo. O isolamento do pit bull também leva a distúrbios emocionais, o que contribui para abordagens agressivas. 

Recomendações da PMDF

A Polícia Militar do DF informou que os ataques de cães, contra animais ou humanos, não são recorrentes na capital, mas que a situação também não é rara. A recomendação do comandante do BPCães (Batalhão de Policiamento com Cães), major Carlos Reis, é evitar a aproximação com cachorros de grande porte sem focinheira, mesmo que os animais estejam acompanhados. Independentemente do temperamento do bicho, ele poderá se sentir ameaçado e atacar, como forma de defesa.

Para denúncias de ataque e recolhimento de cães agressivos nas ruas, a Zoonose poderá ser contatada pelo telefone 2017-1242. A pessoa também pode ligar para o 190, da Polícia Militar.

*Estagiária sob supervisão de Fausto Carneiro.

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