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Brasil desconhece a maior parte de seu potencial mineral, diz presidente do Ibram

Raul Jungmann alerta para falta de mapeamento do subsolo, critica garimpo ilegal e cobra política pública para o setor

Brasília|Deborah Hana Cardoso, da RECORD

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Garimpo ilegal é questão criminal, deve ser tratado com rigor e punição, diz Raul Jungmann Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

O presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Raul Jungmann, afirmou nesta terça-feira (1º/7), em entrevista exclusiva ao R7, que o Brasil desconhece a maior parte de seu potencial mineral.

Segundo ele, o mapeamento realizado pelo Serviço Geológico Brasileiro cobre apenas 27% do território nacional, o que representa um gargalo crítico para o desenvolvimento do setor.


“Este é outro problema: o mapeamento. O Serviço Geológico Brasileiro mapeou apenas 27% do território, e com um enorme esforço. Ou seja, o Brasil não sabe o real potencial de sua capacidade mineral”, declarou Jungmann.

A mineração representa 4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, com destaque para o minério de ferro. No entanto, o setor enfrenta entraves como a demora nos licenciamentos, a insegurança jurídica e a escassez de crédito para pequenas empresas.


“Precisamos de uma política pública de mineração no Brasil, precisamos de um rumo. Temos problemas com o licenciamento, que demora muito, e isso destrói os investimentos”, argumenta.

Com rigor e rapidez

Segundo Jungmann, a entidade é sempre favorável ao rigor, mas os processos precisam ser mais rápidos. “Além disso, enfrentamos a falta de acesso a crédito para as mineradoras que estão começando, as chamadas ‘junior mining’”, afirmou.


Jungmann também criticou duramente o garimpo ilegal, especialmente na exploração de ouro.

“Existem grandes mineradoras legais e responsáveis que exploram ouro no Brasil, e isso nada tem a ver com o chamado ‘garimpo ilegal’. Para nós, o garimpo ilegal é caso de polícia, caso de cadeia. O Brasil precisa acabar com essa exploração ilegal e predatória. É crucial que não haja confusão com as cooperativas que atuam na legalidade.”


Os impactos do garimpo clandestino, segundo ele, vão além da economia.

O garimpo ilegal contamina as pessoas, joga mercúrio nos rios e é extremamente prejudicial às populações indígenas. A postura do Ibram é clara: a exploração do ouro é muito importante, mas precisa ser feita de forma legal e sustentável. Precisamos prestar apoio aos indígenas, que são os maiores prejudicados.”

Cooperativas de garimpeiros

Sobre o relacionamento com cooperativas de garimpeiros, Jungmann reconheceu a necessidade de maior aproximação.

“Nosso contato com as cooperativas precisa melhorar; atualmente, é um tanto rarefeito. Nossa posição é sempre de colaborar com todo o processo legal da mineração.”

Uma das iniciativas para enfrentar o ouro ilegal é uma plataforma de rastreabilidade desenvolvida em parceria com a USP.

“Temos um convênio com a USP que será apresentado em breve. O projeto é uma plataforma para a rastreabilidade do ouro, com o objetivo de separar o ouro legal do ilegal.”

Jungmann destacou ainda que o país precisa enxergar a mineração como um setor estratégico.

“A mineração é muito importante para a economia e para o futuro do Brasil. Mas isso exige planejamento, compromisso com a legalidade e um ambiente que incentive o investimento responsável.”

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