Brasil deve aguardar informações para se pronunciar sobre eleição na Venezuela
Órgão eleitoral venezuelano informou que atual presidente se reelegeu durante pleito realizado no último domingo (28)
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva vai esperar por mais informações sobre a eleição da Venezuela para se pronunciar de forma oficial. Mais cedo, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anunciou a vitória de Nicolás Maduro. Com 80% da apuração concluída, o atual presidente do país obteve 51,2% dos votos, contra 44,2% do opositor Edmundo González Urrutia. No entanto, a oposição denunciou fraude.
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Como houve denúncias por parte da oposição venezuelana, o governo brasileiro decidiu esperar por mais informações sobre o pleito, como transparência da apuração. A avaliação é de que, caso haja alguma resposta precipitada, o Brasil pode ficar isolado, principalmente na região sul-americana.
Enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acompanhar as eleições na Venezuela, o assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, deve se reunir ainda nesta segunda-feira (29) com representantes das equipes de Maduro e González. A ideia das reuniões de Amorim é entender, de cada lado, como foi a eleição, quais problemas ocorreram e se houve suspeita de fraude, de fato.
Mais cedo, o presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Elvis Amoroso, anunciou a vitória de Maduro no pleito da Venezuela.
O comparecimento às urnas foi de 59%. O CNE informou ainda que a demora para a liberação dos resultados do pleito, realizado no domingo (28), ocorreu devido a um ataque ao sistema de transmissão dos votos.
Encerrada a votação, a Venezuela prendeu a respiração à espera do resultado das urnas. A campanha do opositor Gonzáles, liderada por María Corina Machado, se queixou de que o chavismo havia interrompido a transmissão dos resultados. Houve também a denúncia de que não era permitida a presença de fiscais.
Com as atas emitidas ao fim da votação e a auditoria das urnas, a oposição esperava fazer uma espécie de apuração paralela para comparar com os resultados a serem divulgados pelo CNE. O temor é de que o conselho, aparelhado por funcionários chavistas, altere os resultados.
A eleição venezuelana é acompanhada por diversos observadores internacionais. No caso brasileiro, Amorim é o responsável por analisar o pleito do país vizinho. Durante a campanha, Maduro afirmou que, caso não vencesse, a Venezuela poderia enfrentar uma guerra civil, inclusive com “banho de sangue”.
Lula disse que ficou assustado com a declaração de Maduro e que o líder vizinho precisa respeitar o processo democrático. De acordo com o petista, o venezuelano “tem que aprender: quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”.
“Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”, afirmou Lula recentemente.
“Eu já falei para o Maduro duas vezes, e o Maduro sabe, que a única chance de a Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo [...] Se o Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela e estabelecer um Estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático”, completou à época.