Brasil 'precisa mostrar que é porto seguro para investimentos' durante a guerra, diz governo
Após PIB de 4,6% em 2021, Economia espera nova alta e diz que país deve atrair investidores privados apesar do conflito na Ucrânia
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
Após o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar nesta sexta-feira (4) que o PIB (Produto Interno Bruno) do Brasil cresceu 4,6% em 2021, o Ministério da Economia projetou um novo resultado positivo para este ano e disse que o Brasil precisa "mostrar que é um porto seguro para os investimentos privados" em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Segundo a Secretaria de Política Econômica da pasta, a estimativa de crescimento econômico em 2022 é superior à projetada atualmente pelo mercado, de 0,3%, mas é preciso monitorar a evolução do cenário internacional em virtude do conflito no Leste Europeu.
"Com o cenário internacional adverso, cabe ao Brasil, além dos posicionamentos diplomáticos e humanitários (em três oportunidades o Brasil já se posicionou na ONU condenando a invasão da Ucrânia pela Rússia; ressalta-se ainda que o Brasil emitirá vistos especiais para os refugiados), mostrar que é um porto seguro para os investimentos privados", afirmou a equipe econômica.
No ano passado, de acordo com o IBGE, os investimentos avançaram 17,2%, sendo favorecidos pela construção e pela produção interna de bens de capital. A taxa de investimento, segundo o instituto, subiu de 16,6% para 19,2% em um ano.
A secretaria declarou que é necessário manter a agenda de reformas, fortalecendo o mercado de capitais e de crédito. "Por isso é fundamental aprovar o projeto de lei do Novo Marco de Garantias, a medida provisória de registros públicos e o projeto de lei de debêntures incentivadas", pontuou o Ministério da Economia.
O governo defendeu que o Congresso Nacional aprove a privatização dos Correios. A Economia destacou que a privatização da Eletrobras precisa ocorrer ainda no primeiro semestre de 2022 para que o PIB deste ano tenha um resultado expressivo.
Recuperação em 'V'
De acordo com a Secretaria de Política Econômica, o resultado de 4,6% no ano passado "mais que compensa a queda de 3,9% em 2020, causada pelas consequências da pandemia da Covid-19". "Com tal resultado, observa-se que a economia brasileira recuperou o nível da atividade anterior à pandemia, mostrando uma recuperação econômica em 'V'", frisou a secretaria.
A equipe econômica destacou que a variação do PIB brasileiro acumulada no período de 2020-2021 foi maior que a de todos os países do G7, exceto os Estados Unidos. Em relação ao G20, a variação dos últimos dois anos do PIB brasileiro ficou acima da obtida pela maior parte dos países e foi superior à mediana desse grupo, disse o governo.
Na avaliação do Executivo, para 2022 há fatores positivos, como a continuidade da retomada do mercado de trabalho. A secretaria lembrou que no quarto trimestre de 2021 foram criados 3,6 milhões de vagas.
"As taxas de participação e o nível de ocupação estão retornando às médias históricas, e há rápido declínio da taxa de desemprego, alcançando 11,1% no final de 2021, o menor patamar desde dezembro de 2019."
Choques de oferta
Em 2021, o PIB totalizou R$ 8,7 trilhões. A alta foi puxada principalmente pelo desempenho dos setores da indústria e de serviços, que cresceram 4,5% e 4,7%, respectivamente. Por outro lado, o IBGE constatou queda de 0,2% na atividade da agropecuária. Essas três áreas representam 90% do PIB do país.
A baixa na agropecuária se deve aos períodos de estiagem, provocados pela crise hídrica, e às geadas ao longo de 2021, de acordo com o IBGE.
O Ministério da Economia também reconheceu os problemas, mas disse que "a normalização dos choques negativos de oferta, que poderá ocorrer com o arrefecimento da pandemia, o restabelecimento das cadeias produtivas globais, a redução do risco hidrológico, com impactos positivos sobre o mercado de energia, o avanço do mercado de trabalho e a ampliação dos investimentos privados fundamentam uma estimativa de crescimento econômico em 2022 superior ao projetado atualmente pelo mercado".