A oceanógrafa brasileira Letícia Carvalho disputa nesta sexta-feira (2) o cargo de secretária-geral da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês). A entidade da ONU (Organização das Nações Unidas) é responsável por regulamentar atividades em alto-mar e, entre os assuntos mais controversos da agenda, está a mineração em alto-mar.Atualmente, Letícia ocupa o cargo de Coordenadora Principal do Ramo Marinho e de Água Doce do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), em Nairóbi, no Quênia.A brasileira disputa o cargo em um cenário em que o atual secretário-geral da ISA, o advogado britânico Michael Lodge, tem enfrentado críticas em relação à sua gestão à frente da instituição. Ele tem sido acusado de ter vínculos próximos com empresas de mineração, em um momento em que a indústria intensifica a pressão para que a ISA permita a exploração mineral em águas profundas.Além disso, a reeleição de Lodge é considerada improvável por contrariar várias tradições estabelecidas na ISA. Primeiro, sua candidatura atual foi patrocinada por Kiribati, um país com pouco mais de 300 mil habitantes localizado no Pacífico Sul, e não pelo Reino Unido, seu país de cidadania, como é costume.Outra tradição que seria quebrada é o entendimento rotativo na liderança da ISA, que prevê a alternância de grupos regionais no comando da agência. Este ano, seria a vez da América Latina e do Caribe.Letícia conta ainda com o apoio de ambientalistas, que a veem como uma voz moderada para liderar a organização. Em julho, ela se reuniu com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.Após o encontro, a ministra ressaltou a ampla experiência de Letícia na área e sua sólida carreira como oceanógrafa. Além de ser gestora pública, Letícia acumula mais de 26 anos de experiência em governança dos oceanos e em negociações multilaterais sobre desenvolvimento sustentável.“Estamos torcendo para que o posto seja ocupado por essa brasileira tão capacitada e comprometida com o meio ambiente”, comentou Marina.