Bruno e Dom: Polícia Federal reforça equipes em Brasília para perícia em restos mortais
Objetivo é dar rapidez à entrega dos corpos às famílias, para que sejam enterrados
Brasília|Renato Souza, do R7, em Brasília
A Polícia Federal reúne uma força-tarefa de peritos em Brasília para concluir, da maneira mais rápida possível, as perícias nos restos mortais encontrados na região em que desapareceram o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira. Os exames, vão confirmar se os corpos são dos dois desaparecidos e devem dar indícios de como o crime ocorreu.
Um dos objetivos da perícia é apontar quais foram as circunstâncias das mortes e quais armas foram usadas no crime. Um dos suspeitos afirmou, em depoimento à PF, que as vítimas foram atingidas com armas de fogo e que facas também foram usadas nos homicídios.
A previsão é que, se confirmadas as identidades dos corpos, os restos mortais sejam entregues às famílias em até sete dias, assim que forem concluídas todas as avaliações necessárias para dar andamento às investigações. Apesar de as investigações seguirem a linha de que as mortes ocorreram em razão de pesca e caça ilegais, outras hipóteses também são avaliadas, como a de crime ordenado pelo narcotráfico ou em razão das denúncias feitas pelos profissionais sobre invasões nas áreas indígenas.
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Um outro exame está sendo realizado no material orgânico referente a um estômago humano encontrado na região. Os peritos comparam o DNA do material encontrado com amostras genéticas entregues pelas famílias. As avaliações estão sendo conduzidas no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília.
O caso
Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Eles viajavam pela região entrevistando indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens para um livro sobre invasões de áreas indígenas.
O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.
Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal britânico The Guardian. Bruno era servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio), mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.
Veja abaixo a repercussão na imprensa internacional
Nesta quarta-feira (15), o pescador Amarildo da Costa, que tinha sido preso pela Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento no caso, confessou ter assassinado Bruno e Dom. Depois do relato, ele levou policiais até o local onde enterrou os corpos.
Segundo o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, Amarildo informou que o barco em que viajavam o jornalista e o indigenista tinha sido afundado e que o local onde os corpos foram enterrados era de difícil acesso, a mais de 3 km de onde o pescador cometeu o crime.
Bolsonaro publica nota de pesar
O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais, nesta quinta-feira (16), para comentar o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. "Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos", disse o chefe do Executivo.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado pela ministra Cristiane Britto, divulgou uma nota de pesar. "A pasta manifesta pesar pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que estavam desaparecidos desde domingo (5) na região do Vale do Javari, no Amazonas. O MMFDH enaltece o trabalho realizado pela Polícia Federal e pelas Forças Armadas, que rapidamente elucidaram o caso", afirma.
Veja na galeria abaixo as manifestações de autoridades sobre o caso
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