Com atraso, PF pode ganhar órgão estratégico para vigiar 16,8 mil km de fronteiras
Governo discute criação de departamento para regiões de fronteira que melhore combate ao crime organizado internacional
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
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O Ministério da Justiça e Segurança Pública estuda a criação de uma nova unidade estratégica da Polícia Federal para fortalecer a atuação da corporação nas regiões fronteiriças e no enfrentamento de organizações criminosas que atuam no Brasil e em países vizinhos da América do Sul, segundo apurou o R7.
A medida integra um plano de modernização da estrutura organizacional da PF, proposto pelo ministro Ricardo Lewandowski. De acordo com fontes consultadas pela reportagem, a Polícia Federal reconhece que a atual estrutura de atuação nas fronteiras brasileiras é insuficiente diante da complexidade e da dimensão territorial do país.
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Uma minuta da proposta em análise no governo à qual o R7 teve acesso destaca que a corporação não possui hoje uma coordenação centralizada capaz de integrar e supervisionar de forma eficaz as operações de combate a organizações criminosas ao longo dos 16,8 mil quilômetros que separam o Brasil de dez países sul-americanos.
A avaliação de pessoas que participam das discussões é de que essa falha estrutural resulta em fragmentação institucional, sobreposição de esforços e desperdício de recursos em áreas que concentram tráfico de armas e drogas, contrabando, crimes ambientais, imigração irregular e lavagem de dinheiro.
Fronteiras abandonadas
O governo considera que esse cenário fragiliza a presença do Estado em regiões vulneráveis e deixa espaço para o avanço de redes criminosas transnacionais. Uma constatação é de que atualmente falta integração, planejamento estratégico e gestão territorial articulada.
Diante desse cenário, a PF pode ganhar uma estrutura dedicada à formulação, coordenação e supervisão permanente de iniciativas específicas para fronteiras. Essa unidade receberia o nome Coordenação-Geral de Fronteiras.
Com esse departamento, a corporação espera superar a fragmentação institucional que hoje marca as ações de segurança nas fronteiras, que ficam dependentes de articulações pontuais e de resultados de curto prazo, insuficientes para enfrentar o nível de organização e capilaridade dos grupos criminosos, segundo relatos ouvidos pela reportagem.
O objetivo é transformar o atual modelo disperso em uma estrutura especializada e tecnicamente orientada para a integração multissetorial, incluindo áreas de segurança, saúde e economia.
Estrutura e funcionamento
A proposta em discussão no governo prevê que a Coordenação-Geral de Fronteiras será responsável por formular, planejar, coordenar e supervisionar todas as ações da PF nas regiões de fronteira, funcionando como um centro nacional de articulação.
O governo reconhece que é preciso reforçar essa atuação devido à ampla fronteira terrestre do Brasil, que abrange onze estados, 588 municípios, dez tríplices fronteiras e 33 cidades gêmeas (que ficam em fronteiras de países diferentes e têm grande potencial de integração econômica e cultural).
A estrutura da coordenação incluiria três divisões geográficas — Arco Norte, Arco Central e Arco Sul —, que abrangeriam as diferentes faixas territoriais do país, além de um Serviço de Planejamento Integrado e setores de apoio administrativo e de gestão de dados.
Esse desenho, segundo apurou o R7, deve permitir uma visão territorial integrada e o uso eficiente de informações estratégicas, favorecendo o planejamento de médio e longo prazo.
A ideia é que a Coordenação-Geral de Fronteiras cuide de operações conjuntas e integradas, coordene o emprego de tecnologias de vigilância e monitoramento e controle programas de segurança de fronteira em cooperação com outros países.
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