Brasília Comissão do Senado vota nesta terça projeto que garante salários iguais para homens e mulheres

Comissão do Senado vota nesta terça projeto que garante salários iguais para homens e mulheres

Projeto propõe transparência e remuneração igualitária sobre a mesma função e prevê multa para empresa que descumprir norma

  • Brasília | Hellen Leite, do R7, em Brasília

Funcionários trabalhando em escritório

Funcionários trabalhando em escritório

Reprodução/Record TV - 12.08.2021

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado deve votar nesta terça-feira (30) o projeto de lei que iguala o salário de homens e mulheres que exercem a mesma função. A proposta partiu do poder Executivo e foi aprovada na Câmara por ampla maioria: 325 x 36 votos. Na comissão, a relatoria da matéria ficou com a senadora Teresa Leitão (PT-PE), que não alterou o texto e deve orientar pela aprovação da matéria. 

O texto que está na CAE é um substitutivo elaborado pela relatora, deputada Jack Rocha (PT-ES), e altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para estabelecer a obrigatoriedade da igualdade salarial. Para isso, define mecanismos de transparência e de remuneração a serem seguidos pelas empresas, determina o aumento da fiscalização e prevê a aplicação de sanções administrativas.

Compartilhe esta notícia no WhatsApp
Compartilhe esta notícia no Telegram

Em linhas gerais, o texto prevê o pagamento de multa 10 vezes o valor do maior salário pago pela empresa em caso de descumprimento da igualdade salarial. Em caso de reincidência, a multa será elevada em 100%. A mulher prejudicada poderá ainda ser indenizada por danos morais, e a Justiça poderá emitir decisão liminar até que o processo seja finalizado, para forçar a empresa ao pagamento imediato do salário.

O projeto faz parte de um acordo político entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que foi candidata à Presidência nas eleições de 2022. Para apoiar o petista no segundo turno, Tebet pediu que a proposta saísse do papel.

A secretária Nacional das Mulheres da Central Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, Celina Alves Arêas, defendeu a aprovação do projeto. Para ela, é inadmissível que as mulheres continuem recebendo salários menores que os homens mesmo em categorias em que são a maioria. Ela citou o exemplo das trabalhadoras domésticas, que, embora representem 90% da classe, recebem 30% a menos que os homens.

É uma luta não só das mulheres, mas de toda a sociedade brasileira. Precisamos assumir essa mobilização, para que esse projeto [quando transformado em lei] seja aplicado na prática. Infelizmente, temos leis que não são colocadas em prática, mas vamos fazer com que esta seja.

Celina Alves Arêas, secretária Nacional das Mulheres da Central Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2019, o rendimento das mulheres representa, em média, 77,7% do rendimento dos homens (R$ 1.985 frente a R$ 2.555). 

Entre os principais grupos ocupacionais, a menor proporção é observada em cargos de direção e gerência: os salários delas equivalem a 61,9% dos salários deles — o salário médio das mulheres é R$ 4.666, e o dos homens é R$ 7.542. Em seguida estão profissionais das ciências e intelectuais, grupo em que as mulheres recebem 63,6% do rendimento dos homens.

Fiscalização e transparência dos salários

O projeto também prevê que empresas com mais de cem empregados publiquem a cada seis meses um relatório de transparência salarial como uma forma de facilitar a fiscalização do Ministério do Trabalho. As empresas que não cumprirem esse requisito podem ser multadas em até 3% da folha de salários, limitada a cem salários mínimos (R$ 132 mil).

Além disso, o texto propõe outras medidas para atingir a igualdade salarial, como a disponibilização de canais específicos para denúncias; a promoção e implementação de programas de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho; e o fomento à capacitação e formação de mulheres.

"Qualquer iniciativa, se não for monitorada, não tem como ser implementada. A previsão da publicação semestral de relatório de transparência de salários é excelente, porque viabiliza o acompanhamento das medidas. Além da previsão do acompanhamento de vagas em creches e indicadores de violência contra mulher, associada à formação técnica e a serviços de saúde, isso é importantíssimo, porque todas as políticas públicas a serem implementadas têm que ter um olhar para toda a rede", afirmou a defensora pública federal Liana Lidiane Pacheco Dani.

Últimas