Confederação Nacional da Indústria pede preservação da relação comercial entre Brasil e EUA
CNI defende diálogo imediato após tarifa de 50% imposta por Trump sobre exportações brasileiras
Brasília|Do R7, em Brasília

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) cobrou, nesta quarta-feira (9), a intensificação das negociações com o governo norte-americano para evitar danos à relação comercial entre Brasil e Estados Unidos.
A manifestação ocorreu após o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto.
Para a CNI, não há justificativa econômica para a medida. A entidade considera o impacto potencialmente severo para a indústria brasileira, fortemente conectada ao sistema produtivo dos Estados Unidos.
“O mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, declarou Ricardo Alban, presidente da CNI.
O comércio entre os dois países sustenta uma parceria histórica, lembra a entidade. Os Estados Unidos ocupam a terceira posição entre os principais parceiros comerciais do Brasil e lideram como destino das exportações d indústria de transformação nacional.
Segundo a CNI, a nova tarifa compromete a competitividade de cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras.
Levantamento realizado entre junho e início de julho indicou que um terço das empresas brasileiras exportadoras para os EUA enfrentaram prejuízos ainda durante a vigência da tarifa básica de 10% e de medidas setoriais já em vigor.
A entidade destacou que a relação econômica é marcada por complementariedade, com forte presença de insumos produtivos no intercâmbio bilateral.
Nos últimos dez anos, esses produtos representaram mais de 60% das exportações brasileiras para os EUA.
Superávit para os EUA
A CNI também refutou argumentos da Casa Branca ao afirmar que, em 2023, a tarifa real aplicada pelo Brasil a produtos norte-americanos foi de 2,7%, quatro vezes inferior à alíquota nominal prevista na Organização Mundial do Comércio.
Além disso, os Estados Unidos mantêm superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, acumulando saldo de US$ 256,9 bilhões ao incluir bens e serviços.
A indústria nacional alerta que o aumento das tarifas prejudica tanto o Brasil quanto os EUA.
Empresas americanas têm investimentos expressivos no Brasil — mais de 3.600 —, enquanto companhias brasileiras mantêm presença significativa no território norte-americano. Entre 2013 e 2023, os EUA concentraram 142 projetos de investimentos brasileiros no exterior.
A estimativa da CNI aponta que, em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado aos EUA foram gerados 24,3 mil empregos no Brasil, com R$ 531,8 milhões em salários e R$ 3,2 bilhões em produção.
Resposta de Lula
Diante da medida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, por meio das redes sociais, que o governo utilizará a Lei da Reciprocidade Econômica aprovada pelo Congresso para responder à decisão.
Segundo ele, a soberania e os interesses nacionais conduzirão as ações brasileiras no cenário internacional.
A decisão do presidente norte-americano Donald Trump foi comunicada diretamente a Lula por carta. Trump argumentou que a nova tarifa responde a supostas ameaças à liberdade de expressão de empresas dos EUA e à forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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