Covaxin: PF pede mais 45 dias para investigar se Bolsonaro prevaricou
Inquérito busca esclarecer suspeita de prevaricação por parte do presidente ao saber de irregularidades no contrato da Covaxin
Brasília|Renato Souza, do R7, em Brasília
A Polícia Federal pediu mais 45 dias para concluir o inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro prevaricou ao saber das suspeitas de irregularidades no contrato de R$ 1,6 bilhão da Covaxin, vacina indiana contra a Covid-19. Fontes ligadas ao inquérito ouvidas pelo R7 confirmaram a informação.
A Procuradoria-Geral da República pediu em julho a abertura de um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar o presidente Jair Bolsonaro por prevaricação no caso da negociação de compra da vacina Covaxin. O pedido foi feito por senadores com base na denúncia do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão, o servidor Luis Ricardo Miranda, que dizem ter avisado Bolsonaro sobre suspeitas de irregularidades na compra do imunizante.
Em depoimento prestado à CPI da Covid em junho, Luis Miranda disse que o presidente Jair Bolsonaro teria atribuído ao deputado Ricardo Barros a responsabilidade por eventuais irregularidades no processo de compra do imunizante indiano. Barros nega qualquer envolvimento no contrato.
A investigação busca esclarecer se Bolsonaro não tomou as medidas cabíveis, o que constitui crime de prevaricação. De acordo com o Código Penal Brasileiro, prevaricação é "retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal".
Compra cancelada
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, suspendeu já em junho a compra da Covaxin. O contrato havia sido firmado com a Precisa Medicamentos, representante do laboratório indiano Bharat Biotech no Brasil. Na época, o governo brasileiro aceitou pagar US$ 15 por dose (R$ 80,70, na cotação da época) – o valor mais alto entre os das seis vacinas compradas. As outras fabricantes já haviam concluído os testes de seus imunizantes, enquanto a fase 3 da Covaxin ainda está em andamento.