Defesa de Anderson Torres diz que saúde psiquiátrica dele teve 'drástica piora' na cadeia
Ex-secretário foi preso ao voltar de Orlando, nos EUA, em 14 de janeiro; ele é suspeito de omissão em relação aos atos extremistas
Brasília|Gabriela Coelho e Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
Preso desde 14 de janeiro por suposta omissão nos atos que depredaram a praça dos Três Poderes, em Brasília, o ex-secretário de Segurança Pública do DF e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres passa por problemas psiquiátricos.
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Segundo os advogados, o estado emocional dele sofreu uma "drástica piora" após a Justiça ter negado o pedido de revogação da prisão preventiva.
Fontes ouvidas pela reportagem disseram que Torres está "abalado emocionalmente" e "murcho". Apesar do estado, ele tem dito aos aliados que está confiante no rumo das investigações. O círculo próximo ao ex-ministro garante que ele "não vai perder a esperança".
Após deixar o Ministério da Justiça e Segurança Pública com o fim do governo Jair Bolsonaro (PL), Torres reassumiu a Secretaria de Segurança Pública do DF. Ele era o titular da pasta quando vândalos invadiram os prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.
Ao se decidir pela prisão, Moraes afirmou que "a omissão e a conivência de diversas autoridades da área de segurança e inteligência ficaram demonstradas com a ausência do necessário policiamento" e "com a total inércia no encerramento do acampamento criminoso na frente do QG do Exército neste Distrito Federal, mesmo quando patente que o local estava infestado de terroristas, que, inclusive, tiveram suas prisões temporárias e preventivas decretadas".
O pedido de prisão foi feito enquanto o ex-ministro passava férias em Orlando, nos Estados Unidos, a mesma cidade onde estava Jair Bolsonaro (PL).
Nos últimos dias de abril, houve uma movimentação e a expectativa de soltura de Anderson Torres após divulgação de imagens do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto registradas durante o 8 de Janeiro. Os vídeos mostram que o ex-ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), teria facilitado a vida dos invasores.
Entretanto, Alexandre de Moraes negou o pedido para revogar a prisão preventiva do ex-ministro e ex-secretário.
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Barroso rejeitou novo pedido
Nesta sexta-feira (28), o ministro do STF Luís Roberto Barroso rejeitou dois pedidos de liberdade de Torres. Em 26 de abril, a defesa dele apresentou ao Supremo um pedido de revogação da prisão sob a alegação de piora significativa do quadro clínico. De acordo com os advogados do ex-secretário, a manifestação se dá em razão de a psiquiatra que o assiste ter concluído que há "risco de suicídio".
Também nesta sexta-feira, Moraes mandou a defesa do ex-ministro esclarecer, no prazo de 48 horas, a entrega de senhas supostamente inválidas para acesso a dados do celular na nuvem.
Além da investigação sobre o 8 de Janeiro, Torres é alvo de inquérito que apura suposta interferência na Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas eleições. Por causa da apresentação de um laudo psiquiátrico, o delegado da Polícia Federal (PF) Flávio Reis aceitou o pedido de adiamento do depoimento que estava marcado para a última segunda-feira (24). A oitiva ocorrerá em maio, em data a ser marcada.