Deputados interrogam general Gonçalves Dias na CPMI do 8 de Janeiro nesta quinta
Uma das perguntas será sobre se o ex-ministro teve conhecimento ou não da classificação dos protestos como sendo de 'alto risco'
Brasília|Bruna Lima e Camila Costa, do R7, em Brasília
A CPMI do 8 de Janeiro ouve nesta quinta-feira (31) o general Gonçalves Dias, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República durante os atos antidemocráticos em Brasília. A convocação foi aprovada em 20 de junho, mas a ala governista tentou blindar o militar de comparecer ao colegiado, o que atrasou o depoimento do ex-ministro, um dos mais aguardados pela oposição.
O R7 apurou que um dos questionamentos a G. Dias nesta quinta (31) será sobre se ele teve conhecimento ou não da classificação dos protestos como sendo de "risco laranja", "alto risco", o segundo maior na escala.
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O nome do ex-ministro é mais falado pela oposição na comissão nos contra-argumentos com os governistas. Para eles, G. Dias é responsável pelos ataques de 8 de janeiro por ter se omitido durante as invasões. Ele era o chefe da segurança do Palácio do Planalto no dia dos atos e pediu demissão do cargo após ter sido visto em imagens da câmara de segurança circulando pela sede do Poder Executivo entre os invasores durante a manifestação.
G. Dias já havia sido convidado a ir à CPMI, no entanto apresentou um atestado médico e faltou à sabatina. Ele não era obrigado a comparecer.
Mensagens sigilosas
Parlamentares da base governista com quem a reportagem conversou consideram que o depoimento será "difícil" para o general, sobretudo no que diz respeito ao pedido para que fosse retirado o nome dele do relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre todos os que haviam recebido alertas do órgão sobre o 8 de Janeiro.
Mensagens obtidas pelo R7 confirmam o pedido de Gonçalves Dias ao então diretor-adjunto da Abin Saulo Cunha. Em conversa entre os dois, o general questiona se o nome dele poderia ser "retirado daquela relação". A referida relação é um relatório da Abin que seria enviado ao senador Esperidião Amin (PP-SC), então presidente da Comissão Mista de Controle da Atividade de Inteligência do Congresso Nacional.
No diálogo, Dias chegou a questionar se alguém mais sabia do relatório antes de pedir novamente a retirada do nome, e Saulo negou o vazamento da relação. O documento que chegou ao senador Amin já não continha o nome do general.
A reportagem entrou em contato com o general Gonçalves Dias, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.