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R7 Brasília

Diretor da Prevent assinou manifesto por 'tratamento precoce'

Em depoimento à CPI, o médico evitou falar de forma contundente se é favorável ao tratamento. Manifesto foi publicado em fevereiro

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Na CPI, diretor da Prevent disse que não lembrava se tinha assinado manifesto
Na CPI, diretor da Prevent disse que não lembrava se tinha assinado manifesto

O diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, assinou o manifesto em defesa do tratamento precoce capitaneado pela associação Médicos Pela Vida, publicado em fevereiro deste ano. O chamado tratamento precoce no âmbito da covid-19 consiste principalmente na indicação de medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina, em pacientes com a doença. A questão é refutada pela comunidade científica.

O nome de Benedito está assinado no manifesto, no site da associação, com o seu número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quarta-feira (22), ele foi questionado diversas vezes se defendia o chamado ‘tratamento precoce’, mas evitou fazer a defesa clara. Conforme documentação obtida pela CPI, o uso desses medicamentos do ‘kit covid’ era amplamente difundido nas unidades da Prevent. Denúncias feitas por médicos apontaram que os medicamentos eram administrados inclusive sem autorização dos pacientes ou de seus familiares.

“Eu tenho uma visão muito clara, depois de todos esses meses passados do início da pandemia, de que a intervenção no paciente, o teste sendo realizado com mais eficácia, o isolamento do paciente e a utilização de tudo que hoje já é sabido podem, sim, amenizar a evolução da doença. E, claro, a autonomia do médico tem que ser preservada, para que ele possa, de certa maneira, indicar para cada um dos seus pacientes a melhor medida. Então, a minha observação em relação a qualquer situação de tratamento ou não precoce, Senador, é que não existe qualquer medicação milagrosa”, afirmou.

O médico ainda pontuou que no caso dos seus pacientes, ele utiliza “tudo que lhes é cabido e, claro, dentro de uma antecipação de diagnóstico muito adequada”. Benedito fez uma diferenciação entre ‘tratamento precoce’ e ‘preventivo’, que seria o uso indiscriminado de medicamentos do ‘kit covid’ sem a confirmação da doença. “No preventivo, eu não acredito”, afirmou.


O manifesto diz que o tratamento precoce consiste em “iniciar com as medidas disponíveis o mais rápido possível, para minimizar a replicação viral, utilizando uma combinação de drogas, visando reduzir o número de pacientes que progridem para fases mais graves da doença, diminuindo o número de internações, reduzindo a sobrecarga do sistema hospitalar, prevenindo complicações pós-infecção e diminuindo o número de óbitos”. Na época em que foi divulgado, foi amplamente criticado.

O manifesto do grupo foi publicado nos principais jornais do país. Em junho deste ano, foi revelado na CPI que a Vitamedic, empresa produtora de ivermectina no Brasil, foi quem financiou o anúncio defendendo o tratamento precoce, que tem entre os medicamentos defendidos a cloroquina. A empresa pagou R$ 717 mil nos anúncios. No ano passado, o faturamento da Vitamedic cresceu 170% em relação ao ano anterior.

Perguntado pelo relator Renan Calheiros, em depoimento nesta quarta, se havia assinado o manifesto, Pedro Benedito Batista afirmou que teria que ver o documento para se lembrar. Esse tipo de tratamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro desde o início da pandemia, que também defendeu a “imunização de rebanho natural”, algo refutado pela comunidade científica. A CPI identificou que o presidente tinha figuras que o assessoravam com informações negacionistas no âmbito da pandemia, o que é chamado na comissão de ‘gabinete paralelo’.

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