Discurso de Lula na ONU divide Três Poderes e expõe impacto na relação com EUA
Presidente reforçou a defesa da soberania e da democracia brasileira em resposta às tarifas e sanções impostas por Trump
Brasília|Ana Isabel Mansur e Luiza Marinho*, do R7, em Brasília
LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), na terça-feira (23), geraram reações imediatas no Brasil. Ao defender a soberania nacional e a independência do Judiciário diante das sanções impostas pelos Estados Unidos, Lula se contrapôs às falas do presidente Donald Trump, que voltou a justificar tarifas sobre produtos brasileiros.
No Congresso, as manifestações se dividiram entre apoio e críticas, enquanto no Palácio do Planalto e no Poder Judiciário a avaliação é de que o discurso reforça a posição do Brasil no cenário internacional.
Leia mais
Em Nova York, Lula afirmou que “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra” e condenou a ingerência em assuntos internos.
Em recado a Trump, o brasileiro destacou que “a agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável” e lembrou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, declarou.
Planalto
Na avaliação do Planalto, a mensagem de Lula foi clara, direta e contundente. Interlocutores próximos ao petista afirmaram ao R7 que o recado reforçou a postura do governo brasileiro desde o anúncio das sobretaxas a itens nacionais.
Essas fontes avaliam que o discurso de Lula foi “prontamente” recebido pelos americanos. Tanto é, analisam, que logo em seguida houve a sinalização de Trump para uma conversa entre os dois, na próxima semana.
No entanto, é pouco provável que o republicano tenha ouvido o discurso inteiro de Lula enquanto o petista falava. Isso porque a fala de Trump ocorreu logo após a intervenção do brasileiro. Portanto, possivelmente o americano preparava-se para subir ao púlpito da ONU durante a declaração de Lula.
Como o R7 apurou, a conversa entre os dois presidentes deve ocorrer por telefone ou videoconferência.
A avaliação é de que um encontro presencial entre os líderes dificilmente ocorreria, devido às agendas de cada um. Lula está em Nova York, nos Estados Unidos, até esta quarta (24), quando retorna ao Brasil.
Os dois presidentes e se encontraram brevemente nos bastidores da Assembleia Geral da ONU. O “esbarrão” foi entre o fim da fala de Lula e o início da declaração de Trump.
À reportagem, pessoas que presenciaram o aperto de mão disseram que o encontro foi mutuamente cordial.
Congresso
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se alinhou ao discurso de Lula ao dizer que a soberania “não está em discussão”. Ele defendeu a retomada da “naturalidade” nas relações diplomáticas e afirmou que o diálogo é o caminho para encerrar o impasse comercial.
“Vejo com muito bons olhos o que se deu como resultado no dia de hoje. Sempre defendi que o diálogo, a diplomacia, possa ajudar os dois países — que têm relações históricas — a resolverem esse imbróglio”, disse Motta.
O líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), acusou Lula de usar a ONU como “palanque eleitoral”. Segundo ele, Lula desperdiçou mais uma chance de reaproximar o Brasil dos Estados Unidos.
Além disso, a oposição considera que o gesto de Trump em sinalizar a conversa com Lula enfraquece o discurso da diplomacia brasileira de que os EUA resistem a qualquer tentativa de diálogo.
“O presidente Donald Trump já tinha falado isso, que estava aberto a diálogo com o presidente Lula há um bom tempo. Quem não quer dialogar é o Lula, enfraquece o governo Lula. Fica claro que quem não quer resolver o problema de tarifas é o Lula. Quem não quer sentar na mesa do diálogo é o Lula é a diplomacia brasileira”, afirmou o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ).
Aliados comemoram
Entre os aliados, o discurso de Lula foi celebrado. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou o pronunciamento como “corajoso e verdadeiro” e disse sentir “orgulho de fazer a caminhada política” ao lado do presidente.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macedo, destacou que Lula “demonstrou a força da sua liderança, ao afirmar que a nossa democracia e a nossa soberania são inegociáveis”.
“O Brasil seguirá livre e democrático, criando oportunidades para todos e todas”, avaliou o ministro.
*Sob supervisão de Leonardo Meireles
Perguntas e Respostas
Quais foram as declarações de Lula na ONU e qual foi seu impacto?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Assembleia Geral da ONU, defendeu a soberania nacional e a independência do Judiciário em resposta às sanções impostas pelos Estados Unidos. Suas declarações geraram reações imediatas no Brasil, dividindo opiniões entre apoio e críticas no Congresso. Lula condenou as sanções e a ingerência em assuntos internos, afirmando que a agressão à independência do Judiciário é inaceitável.
Como foi a reação do governo brasileiro ao discurso de Lula?
A avaliação do Planalto foi de que o discurso de Lula reforçou a posição do Brasil no cenário internacional. Interlocutores próximos ao presidente afirmaram que a mensagem foi clara e contundente, e que foi prontamente recebida pelos americanos, resultando em uma sinalização de Trump para uma conversa entre os dois presidentes na próxima semana.
Qual foi a interação entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da ONU?
Lula e Trump se encontraram brevemente nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, onde o aperto de mão foi descrito como cordial. A conversa entre os dois presidentes deve ocorrer por telefone ou videoconferência, já que um encontro presencial é considerado improvável devido às agendas de ambos.
Como os líderes políticos no Brasil reagiram ao discurso de Lula?
O presidente da Câmara, Hugo Motta, apoiou o discurso de Lula, afirmando que a soberania não está em discussão e que o diálogo é essencial para resolver o impasse comercial. Por outro lado, o líder da oposição, deputado Zucco, criticou Lula por usar a ONU como palanque eleitoral e alegou que ele perdeu uma oportunidade de reaproximar o Brasil dos Estados Unidos.
Qual foi a posição dos aliados de Lula em relação ao discurso?
Entre os aliados, o discurso de Lula foi celebrado. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, o classificou como corajoso e verdadeiro, expressando orgulho em caminhar ao lado do presidente. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Marcio Macedo, destacou a força da liderança de Lula ao afirmar que a democracia e a soberania do Brasil são inegociáveis.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
