Disseminação de fake news leva Facebook a excluir perfis de dois militares brasileiros
Relatório da empresa mostra que dupla pode ser da Cavalaria do Exército; perfis eram pessoais, sem ligação com a instituição
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O Facebook informou nesta quinta-feira (7) que removeu uma série de contas que violam a política da empresa, incluindo perfis no Facebook e no Instagram de duas pessoas que atuam no Exército brasileiro. A remoção das contas ocorreu por disseminação de informações falsas, principalmente voltadas ao meio ambiente. Os perfis e páginas eram pessoais, não havendo participação do Exército na reprodução do conteúdo.
A informação consta no relatório de ameaças do primeiro trimestre de 2022 da empresa. Com base nos dados levantados pelo documento, foram removidos no país 39 perfis do Instagram e 14 contas e nove páginas do Facebook. Foram listados ainda casos em Costa Rica, Rússia, Ucrânia, Filipinas, Irã e Azerbaijão.
A atividade brasileira dessas contas se deu em duas fases. Na primeira, em 2020, o conteúdo envolvia informações sobre questões sociais e políticas, incluindo reforma agrária e pandemia de Covid-19. Em 2021, foram criadas páginas de ONGs fictícias com conteúdo focado em questões ambientais, com publicações que diziam, por exemplo, que o desmatamento da floresta nem sempre é prejudicial.
O documento, ao qual a reportagem do R7 obteve acesso, demonstra que a investigação encontrou ligações com duas pessoas ligadas ao Exército brasileiro. A partir daí a empresa compartilhou os dados com uma outra companhia, que realiza monitoramento nas redes sociais.
Nesse relatório, produzido pela Graphika, há mais detalhes sobre a atuação dos dois militares. Os dois indivíduos serviam ao Exército em dezembro de 2021. A confirmação de que eles eram militares foi feita com base em registros do governo brasileiro de pagamentos de funcionários federais, de imagens compartilhadas por eles próprios trajando farda e outras fotografias pessoais, tiradas num período de dez anos.
"Os nomes [dos militares] também correspondiam com registros do governo brasileiro e documentos públicos militares, incluindo resultados de exames de admissão do Exército e tese de graduação numa escola militar, o que nos permitiu rastrear que suas carreiras foram iniciadas em 2012 e 2014", diz o documento.
Segundo o relatório, a empresa acredita que os dois militares envolvidos na disseminação de notícias falsas exercem funções na cavalaria. A reportagem procurou o Exército brasileiro, que não se pronunciou até a última atualização desta reportagem. O espaço está aberto para a manifestação da instituição.