Eliziane Gama vai pedir quebra do sigilo bancário de outro ex-ajudante de Bolsonaro
Segundo a relatora da CPMI do 8 de Janeiro, o sargento Luis Marcos dos Reis, depoente desta quinta-feira, foi contraditório
Brasília|Camila Costa e Bruna Lima, do R7, em Brasília
A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), vai pedir a quebra do sigilo bancário de outro ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) — o sargento Luis Marcos dos Reis. Segundo a parlamentar, Reis foi contraditório em diversos trechos do depoimento prestado nesta quinta-feira (24). Ele não teria conseguido, por exemplo, explicar a origem dos R$ 3 milhões apontados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como movimentação atípica nas contas dele.
"Ele até tentou, em algum momento, apresentar algumas justificativas, mas que não são compatíveis. Em função disso, como temos apenas o RIF [Relatório de Inteligência Financeira] dele, estamos solicitando também a quebra do sigilo bancário", afirmou Eliziane.
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Outro ponto contraditório destacado pela senadora foi a fala sobre a relação entre Reis e Vanderlei Cardoso de Barros, ex-auxiliar da Presidência no Palácio da Alvorada. Barros é um dos sócios da empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção. Segundo o relatório do Coaf, há movimentações financeiras na conta de Reis em nome da firma.
Reis negou nesta quinta-feira que tenha proximidade com Barros. No entanto, documentos da CPMI mostram que os dois trocaram mensagens em 8 de janeiro para comemorar os ataques extremistas na praça dos Três Poderes.
"Ele também não conseguiu explicar uma movimentação muito alta nas contas. Há várias transações com empresas que prestaram serviço para o governo federal e de pessoas que tiveram uma relação direta especificamente com o sobrinho dele, que é médico e investigado em relação às fraudes das carteiras de vacinação. Ele claramente fez apologia, incentivou e vibrou pelo 8 de Janeiro. Não há dúvida", afirmou Eliziane.
Durante o depoimento, Reis admitiu ter ido à Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro e subido a rampa do Congresso, ato que definiu como "impensável". No entanto, ele negou ter entrado nos prédios públicos e participado de depredações. "Não financiei, planejei, coordenei, estimulei, instruí ou dei suporte ou tomei parte de qualquer ato preparatório ou executório [para os atos extremistas]", disse.