Em meio a invasões, Fávaro retorna ao Brasil, e Haddad se reúne com representantes do MST
Somente em abril deste ano, o MST invadiu ao menos 11 locais, como fazendas e órgãos públicos, no chamado 'Abril Vermelho'
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Em meio à crise causada pelas invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, interrompeu a agenda em Londres, na Inglaterra, e retornou ao Brasil a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Fávaro cancelou a palestra que daria nesta sexta-feira (21) em um evento organizado pelo Lide Brazil Conference, na capital britânica. A conferência teria o tema “A força do Brasil para a segurança alimentar do mundo”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também entrou em campo para resolver a situação. Ele vai se encontrar ainda nesta quinta-feira (20) com ao menos cinco representantes do MST, entre eles João Paulo Rodrigues, Ana Chã e Gilmar Mauro. A reunião vai ocorrer na sede da pasta em São Paulo.
Nesta semana, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, condenou as invasões e afirmou que “há outras formas de lutar” pela reforma agrária. "Condeno veementemente qualquer ato que danifique processos produtivos, em áreas produtivas. Temos outros instrumentos melhores e mais efetivos para as bandeiras que possam ser levantadas para a conquista desse interesse", disse.
Invasões
Somente em abril deste ano, o MST invadiu ao menos 11 locais. Entre os alvos das ações em diversos estados, estão fazendas, propriedades, áreas públicas e prédios de órgãos como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
As invasões fazem parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, o chamado Abril Vermelho, em memória à morte de 19 trabalhadores sem-terra ocorridas em Eldorado do Carajás (PA), em 17 de abril de 1996.
Em março, foi protocolado na Câmara dos Deputados um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as invasões do MST. O requerimento atingiu o número mínimo de assinaturas, e a abertura da CPI depende da aprovação do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).