A cantora Rita Lee se apresentou pela última vez em Brasília, em novembro de 2012. Durante a apresentação, em plena Esplanada dos Ministérios, a cantora abaixou as calças e se virou para o público enquanto cantava o sucesso Lança Perfume. As cenas irreverentes e o vocabulário sempre muito autêntico fizeram de Rita Lee uma artista completa e inesquecível. A cantora faleceu nesta segunda-feira (8), após uma luta contra um câncer no pulmão.• Compartilhe esta notícia no WhatsAppCompartilhe esta notícia no Telegram A cena presenciada pelos brasilienses em 2012, quando a artista, no meio da apresentação, abaixou as calças, ocorreu durante um festival que contava com bandas conhecidas no cenário nacional, como Titãs e Jota Quest. Rita comentou a cena dias após a apresentação e disse que "mostrar a bunda no palco é um ato de amor". No início do mesmo ano, a artista já tinha feito o mesmo ato em um show em Saquarema, no Rio de Janeiro. Dias depois da apresentação em Brasília, a artista foi detida pela Polícia Militar de Aracajú por desacato a autoridade após uma confusão. Aquele seria seu show de despedida. Rita Lee nunca escondeu o desprezo pela política. Em sua autobiografia, publicada em 2016, a cantora afirmou que nenhum político iria ao seu velório. "Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu", escreveu. Apesar disso, Rita Lee recebeu no palco durante uma apresentação no Ginásio do Ibirapuera, em 1982, os jogadores Casagrande, Sócrates e Wladimir. Eles lideravam o movimento conhecido como Democracia Corinthiana. Os atletas prometeram presentear a artista com uma camisa do time paulista, mas acabaram esquecendo de levá-la à apresentação. A solução foi pedir o uniforme de um torcedor e fã da cantora que acompanhava o show. Rita vestiu a camisa e cantou a música Vote em Mim ao lado dos jogadores. Apesar das críticas aos políticos, a morte da cantora mobilizou a classe. Rita Lee foi homenageada durante audiências no Senado Federal nesta terça (9). A ministra da Cultura, Margareth Menezes, se emocionou ao receber a notícia durante uma audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Segundo a ministra, que também é cantora, a perda é “impactante para todo o Brasil”. “Rita Lee, a simbologia dela, todo o legado como mulher, libertária. Eu fui influenciada diretamente por ela, que trouxe para nós uma irreverência ímpar”, disse Margareth Menezes, ao desejar força aos familiares. “Para sempre, Rita Lee”, completou. A ministra também pediu aos parlamentares que homenageassem Rita e o ex-deputado federal David Miranda, que morreu nesta terça-feira (9), com um minuto de silêncio. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e parlamentares que participavam de uma audiência da Comissão de Segurança Pública fizeram um minuto de silêncio em homenagem à cantora. Logo depois, o silêncio foi substituído por uma salva de palmas. Rita Lee nasceu no dia 31 de dezembro de 1947, na cidade de São Paulo. Conhecida como a rainha do rock brasileiro, a artista navegou por diversos ritmos musicais, lançou 17 álbuns de estúdio (sete com a banda Os Mutantes) e ganhou duas vezes o Grammy Latino — o mais recente deles em 2022, quando foi homenageada com o prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação, pelo conjunto da obra. Rita Lee morreu, aos 75 anos, na noite desta segunda-feira. Ela lutava contra um câncer de pulmão desde 2021. A informação foi confirmada no perfil oficial da cantora no Instagram. "Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, na noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou", informou a família nas redes sociais da cantora. "De acordo com a vontade de Rita, o seu corpo será cremado. A cerimônia será particular. Nesse momento de profunda tristeza, a família agradece o carinho e o amor de todos", concluiu o comunicado. O velório da artista será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo.