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Entenda por que Brasil abre discursos na ONU e se tensão com EUA pode mudar tradição

Desde 1955, presidente brasileiro é o primeiro chefe de Estado a falar na Assembleia Geral

Brasília|Rafaela Soares e Luiza Marinho*, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Brasil abre discursos na Assembleia Geral da ONU desde 1955, mas relação tensa com os EUA gera incertezas.
  • Tradição começou em 1945, quando o Brasil se ofereceu para inaugurar os debates.
  • Neutralidade brasileira durante a Guerra Fria ajudou a consolidar essa posição no protocolo internacional.
  • Especialistas acreditam que a quebra da tradição é improvável, apesar das tensões atuais com os EUA, que impuseram sanções contra o Brasil.

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Lula vai abrir discursos de chefes de Estado nesta terça-feira

O Brasil tem um lugar garantido no protocolo da Assembleia Geral da ONU: abrir os discursos anuais dos chefes de Estado. A prática, consolidada desde 1955, não está escrita em nenhuma regra oficial da organização, mas virou tradição diplomática. Entretanto, com a escalada de tensão entre o país e os EUA, analistas se perguntam se o costume pode ser colocado em xeque.

No início da ONU, em 1945, nenhum país queria inaugurar os debates. O Brasil se ofereceu, gesto que se repetiu até se transformar em tradição.


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Outro fator importante foi a posição de neutralidade brasileira durante a Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética preferiam não abrir as falas para não aparentar fragilidade.

Além disso, a atuação do diplomata Osvaldo Aranha, que presidiu a Assembleia em 1947, é vista como parte do reconhecimento histórico.


Tradição pode mudar?

Segundo o coordenador de Comércio Internacional da BMJ Consultores, Vito Villar, o lugar do Brasil se consolidou pela constância. “Desde 1955, o Brasil fala primeiro. Pouquíssimas vezes não foi assim — em duas ocasiões, nos anos 1980, quando os Estados Unidos falaram antes, e em 2018, quando o atraso de Donald Trump fez o Equador discursar antes do Brasil”, afirma.

Demétrius Pereira, professor de relações internacionais da ESPM, acrescenta que a tradição também serviu como uma espécie de compensação à ausência do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.


“Era um prêmio de consolação, segundo alguns analistas. Além disso, a neutralidade brasileira na Guerra Fria ajudava a equilibrar a disputa entre Washington e Moscou.”

Apesar do atual clima conturbado do Brasil com os EUA, especialistas avaliam que uma quebra do costume seria improvável. “As regras internacionais nem sempre são escritas. O próprio costume se torna uma norma consolidada, difícil de ser alterada”, explica Pereira.


Villar concorda: “Não acredito que vai haver substituição na ordem de fala. O Brasil vai fazer força para seguir falando primeiro, especialmente neste momento em que busca apoio internacional.”

Tensão com os EUA

A tradição, no entanto, ocorre em um dos momentos mais delicados das relações bilaterais. O governo de Donald Trump tem adotado uma série de medidas contra autoridades brasileiras em função do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado. Os EUA classificaram o processo como perseguição política e reagiu com sanções.

Entre os alvos estão familiares de ministros, como a mulher do ministro Alexandre de Moraes, Viviane Barci, incluída na chamada Lei Magnitsky — que prevê bloqueio de bens e restrições de entrada nos EUA.

A determinação foi considerada “indevida” pelo Itamaraty, que acusou os americanos de interferirem em assuntos internos. Moraes chamou a aplicação de “ilegal e lamentável” e afirmou que ela contrasta com a história dos EUA.

A crise também se estende ao campo econômico. O governo americano impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, afetando setores estratégicos. O Planalto respondeu com um discurso de soberania e resistência, reforçado na própria ONU.

Perguntas e Respostas

Qual é a tradição do Brasil na Assembleia Geral da ONU?

O Brasil tem a tradição de abrir os discursos anuais na Assembleia Geral da ONU desde 1955. Essa prática não está escrita em nenhuma regra oficial, mas se consolidou como uma tradição diplomática.

Como o Brasil se tornou o primeiro a falar na ONU?

No início da ONU, em 1945, nenhum país queria inaugurar os debates, e o Brasil se ofereceu para fazê-lo. Esse gesto se repetiu e acabou se tornando uma tradição.

Qual foi o papel da neutralidade brasileira durante a Guerra Fria?

A neutralidade do Brasil durante a Guerra Fria foi um fator importante, pois tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética preferiam não abrir os discursos para não aparentar fragilidade.

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