‘Essa tarifa é um perde-perde’, diz presidente da CNI sobre proposta de Trump
Ricardo Alban critica proposta norte-americana e alerta para impacto em empregos e cadeias industriais no Brasil e nos EUA
Brasília|Do R7, em Brasília

Ricardo Alban, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), acompanha de perto os efeitos do tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump. Esteve, por exemplo, em reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin no comitê formado para criar estratégias contra a iniciativa dos EUA.
Em carta, Trump decidiu aumentar de 10% para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, citando, entre outros fatores, a “perseguição” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para Alban, a medida, por qualquer que seja a razão, compromete setores estratégicos das duas economias e ameaça empregos, investimentos e cadeias produtivas consolidadas.
“Com essa combinação que nós temos de perfeito entrosamento entre as mercadorias no Brasil e as mercadorias americanas nos conceitos de complementaridade, isso é exatamente um perde-perde”, afirmou.
Alban afirmou que “não é imaginável nós termos algum argumento econômico que cause essa modificação, de estarmos num piso de 10% e passarmos para 50%, a tarifa maior que existe”.
Para ele, o impacto imediato seria semelhante a um embargo comercial. “Definitivamente, é como se fosse um embargo. Não existe possibilidade de isso ser um regulador de mercado. É impossível você transferir um custo adicional tributário de 50% no mercado internacional”.
Articulações e impacto
A entidade também articula com empresas e associações, como a AmCham e a West Chamber, um esforço conjunto para sensibilizar autoridades americanas e brasileiras.
Alban destacou que o impacto da medida não se restringe ao Brasil. “Os Estados Unidos também não têm como suprir esses produtos específicos, que não são commodities, que são produtos semifaturados, por outra cadeia qualquer de processo, porque tem que ser todo um planejamento, toda uma certificação”.
Ele exemplificou com empresas como Embraer, WEG e Fundição Tupi, que operam em regime de interdependência com o mercado norte-americano.
Sobre os riscos, Alban apontou consequências diretas. “Certamente acarretará uma série de desempregos no Brasil e também nos Estados Unidos”, além de gerar “inflação americana” e “queda na capacidade de consumo no Brasil”, agravada por juros elevados.
Tarifaço do Trump: repercussão global - União Europeia
‘Sem reações precipitadas’
A CNI defende que as discussões avancem coordenadamente, sem reações precipitadas. “Nesse momento, nenhuma ação deve ser feita intempestivamente, para que não gerem novas reações”.
A expectativa da entidade é por esclarecimentos até o dia 1º de agosto, com possível prorrogação do prazo de negociação. “A gente faça um movimento contínuo e em grupo, mas uníssono, de forma que a gente tenha os mesmos argumentos”, resumiu Alban.
Ele concluiu dizendo confiar nas autoridades brasileiras: “Acredito muito mesmo que esse assunto vai ser revisitado. E estou firmemente convicto de que o bom senso vai acontecer”.
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