Ex-auxiliar de Bolsonaro diz que ter subido a rampa do Congresso no 8 de Janeiro foi ‘ato impensável’
Em depoimento à CPMI que apura os atos extremistas, o sargento Luis Marcos dos Reis disse estar arrependido de ter participado
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O sargento Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, disse estar arrependido de participar dos atos extremistas em 8 de Janeiro. Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura as invasões em Brasília, o militar disse não ter entrado e depredado os prédios públicos dos Três Poderes, apenas subido a rampa do Congresso para tirar foto.
Em depoimento, o sargento contou ter sido uma sugestão da esposa dele ir à Esplanada. Até então, eles acompanhavam as movimentações pela televisão, na residência do casal, na Asa Norte. Eles teriam chegado nas proximidades do local com o uso de um transporte por aplicativo, e caminhado até a rampa do Congresso.
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"Cheguei por volta de 17h na Esplanada, subi a rampa, tirei foto, cruzei a via N1 e segui em direção à minha casa, a pé. Esse foi um ato impensável. Se me perguntar se eu me arrependi, me arrependi. Mas não tinha ninguém ali que dissesse que não poderia subir", disse dos Reis. Ele negou ter visto depredação e disse não ter entrado no prédio do Congresso.
Reis foi preso pela Polícia Federal em maio na operação sobre fraude em cartões de vacinação, incluindo o de Bolsonaro. No depoimento, ele negou "envolvimento direto ou indireto, ou mesmo conhecimento, sobre suposto esquema de falsificação de cartão de vacinação envolvendo o nome do ex-presidente ou qualquer membro de sua família".
Na mesma operação também foram presos o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; Max Guilherme de Moura e Sergio Cordeiro, seguranças do ex-presidente; Ailton Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro em 2022; e João Carlos de Souza Brecha, secretário da Prefeitura de Duque de Caxias (RJ).
O sargento também movimentou em suas contas R$ 3,34 milhões entre 1º de fevereiro de 2022 e 8 de maio deste ano. Com salário de R$ 13,3 mil, ele recebeu dezenas de depósitos e repassou parte dos recursos a Mauro Cid, seu chefe e o principal auxiliar de Bolsonaro. Juntos, os dois militares movimentaram cerca de R$ 7 milhões. Os dados são do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e foram enviados à CPMI do 8 de Janeiro.