Ex-chanceler diz que ida de Lula aos EUA deve ficar mesmo para janeiro
PEC do estouro e definição dos futuros ministros são temas que o presidente eleito tenta destravar até a posse, em 1º de janeiro
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O ex-ministro das Relações Exteriores e membro do grupo técnico que discute o tema da equipe de transição Celso Amorim voltou a afirmar, nesta terça-feira (6), que a viagem do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos Estados Unidos só deve ocorrer em janeiro de 2023, após a posse.
"Acho que ele [Lula] gostaria de ir [para os Estados Unidos] esse ano, mas tem muita coisa para fazer aqui, como vocês sabem, então acho que vai ser no começo do ano que vem", afirmou Amorim, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da equipe de transição, em Brasília.
"Eles [Estados Unidos] mandaram um interlocutor qualificado, uma pessoa que representa muito o pensamento do próprio presidente [norte-americano], não só institucional, e foi uma conversa interessante. Veio trazer o convite, que é honroso, e falamos de vários temas", acrescentou Amorim.
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (5), o ex-ministro havia dito que o próprio Lula reconheceu a dificuldade de ir ao país comandado por Joe Biden ainda neste ano. Um dos principais entraves é a proposta de emenda à Constituição (PEC) do estouro e a definição dos futuros ministros.
Antes do anúncio feito pelo ex-chanceler, Lula se reuniu com o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, enviado por Biden. Na pauta do encontro, além da parceria entre Brasil e EUA, estão temas como a posse de Lula — que pode ter a presença do secretário de Estado, Antony Blinken — e a viagem do presidente eleito a Washington.
O presidente americano foi um dos primeiros chefes de Estado a cumprimentar Lula após o anúncio da vitória, em 30 de outubro. Biden conversou com Lula por telefone no dia seguinte à eleição e se comprometeu a manter canais de comunicação abertos entre os dois países durante a transição.
Em comunicado, a Casa Branca informou que Sullivan parabenizou Lula pela vitória nas eleições e convidou o presidente eleito para uma visita à capital dos Estados Unidos.
"Discutiram como os Estados Unidos e o Brasil podem continuar a trabalhar juntos para enfrentar desafios comuns, incluindo o combate à mudança climática, salvaguardando a segurança alimentar, promovendo a inclusão, a democracia, a paz e a estabilidade internacional e gerenciando a migração regional", acrescentou a Casa Branca.
O enviado por Biden ainda se encontrou com o almirante Flávio Rocha, atual secretário de Assuntos Estratégicos e homem de confiança do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).