O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, que estava à frente do órgão durante os atos extremistas ocorridos em Brasília no início do ano, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que seu depoimento na CPMI do 8 de Janeiro ocorra em uma sessão secreta e sigilosa. A audiência está marcada para esta terça-feira (1º). No fim da tarde desta segunda (31), o ministro Alexandre de Moraes concedeu à defesa de Saulo acesso a documentos e investigações no inquérito que apura a omissão de autoridades no 8 de Janeiro. A iniciativa de ouvir Cunha partiu do senador Esperidião Amin (PP-SC), para quem a Abin foi "omissa" durante o episódio de depredação das sedes dos Três Poderes. • Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram Segundo a defesa, composta de integrantes da Advocacia-Geral da União, que representam o ex-diretor da agência governamental, é difícil a situação em que Cunha se encontra, de prestar depoimento para falar de assuntos dos quais ele tem o dever legal de guardar sigilo. “Ele tem pautado toda a sua trajetória profissional pelo respeito e pela obediência à legalidade, de modo que, caso venha a ser indagado, durante seu depoimento perante esta CPMI, sobre fatos a respeito dos quais deva, em razão do sigilo funcional, guardar sigilo, por certo que ele não poderá responder a tais questionamentos, sob pena de estar violando tal sigilo e, consequentemente, cometendo uma ilegalidade que, inclusive, pode lhe ocasionar sanções e reprimendas nas esferas cível, administrativa e penal”, diz a defesa. Os advogados também pedem à Corte que determine que o depoimento de Cunha seja feito à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional, que faz o controle e a fiscalização das atividades de inteligência e se reúne a cada mês em sessões secretas. Dias antes do 8 de Janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) enviou um relatório sigiloso, elaborado pela Abin, ao Congresso Nacional. O encaminhamento do documento mostraria que o governo federal sabia da possibilidade de eventuais ataques. A agência informou que tinha identificado a convocação de diversas caravanas em direção à capital federal. No texto, a Abin teria apontado os riscos de eventuais distúrbios, mas nada foi feito.