Telmário Mota, ex-senador foragido da Justiça
Marcelo Camargo/Agência BrasilO delegado responsável pela investigação do assassinato de Antônia Araújo de Sousa, mãe de uma filha do ex-senador Telmário Mota, disse que a fazenda do ex-parlamentar foi usada para planejar o crime e treinar os assassinos.
"Conseguimos identificar muitos elementos de informação indicando que houve planejamento da execução e da logística necessária [para o crime]", disse o delegado João Evangelista em uma coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (30).
"O nome da operação se reporta ao local onde houve não apenas o planejamento e reunião do grupo como também um treinamento da execução", completou o delegado. A operação que investiga o caso foi batizada de Caçada Real, o mesmo nome da fazenda do ex-senador.
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O R7 tenta contato com o político — que é considerado foragido pela polícia — e sua defesa, e o espaço permanece aberto para manifestação. Em 19 de outubro, Mota gravou um vídeo em que nega qualquer envolvimento com a morte de Antônia e alega perseguição política.
Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, foi assassinada com um tiro na cabeça em 29 de setembro. Ela era considerada uma testemunha-chave de um processo criminal que envolve Telmário Mota — que responde na Justiça por suspeita de estupro da própria filha. Além disso, o ex-congressista também era citado em processos em que Antônia pedia pensão alimentícia. Ela foi executada poucos dias antes de prestar depoimento contra o ex-senador. Segundo o delegado, a morte da mulher "beneficiaria" Telmário.
As polícias de Roraima e do Distrito Federal continuam na busca pelo ex-parlamentar. Outros dois mandados de prisão foram cumpridos mais cedo, contra o suposto executor do crime e contra um sobrinho do ex-senador.
"Trabalho com indícios e elementos de informação, não posso dizer que ele [Telmário Mota] é [o mandante do crime], mas o que posso garantir para os senhores é que a investigação está em curso, e temos fortes elementos apontando para ele e para os demais investigados", completou o delegado.
Ainda de acordo com a investigação, uma assessora do ex-senador foi vista ao entregar a moto usada no crime aos assassinos, um dia antes do assassinato. Segundo o delegado, a moto foi comprada pelo sobrinho de Telmário. A assessora foi ouvida na condição de interrogada e não foi presa. No entanto, foi submetida a medidas cautelares.
Telmário Mota foi senador da República entre 2015 e 2022. Ele tentou se reeleger no ano passado, mas não conseguiu votos suficientes.